Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
Por favor, registe a sua presença clicando na no local onde poderá juntar-se a nós.
Nova Iorque, EUA
20 de Março
Prova de Vinhos do Porto
Local
The Maxwell
541 Lexington Avenue, New York, NY 10022

Cristiano van Zeller
Cristiano Van Zeller, descendente direto do fundador da Van Zellers & Co irá apresentar a história desta companhia centenária e oferecer para prova um conjunto dos seus melhores vinhos.
A Van Zellers & Co foi estabelecida oficialmente em 1780 enquanto exportadora de vinho do Porto pela primeira geração de van Zellers portugueses.
Vinhos para prova e a sua pontuação por Parker*:
Tinto e Branco:
Vale D. Maria 2017 VVV Valleys Douro White – 90 points Parker – (mais informações)
Quinta Vale D. Maria 2015 Douro Red – 95+ points Parker – (mais informações)
Quinta Vale D. Maria 2015 Vinha da Francisca Douro Red – 95 points Parker – (mais informações)
CV – Curriculum Vitae 2015 Douro Red (Van Zellers & Co.) – 97 points Parker – (mais informações)
Porto:
Quinta Vale D. Maria Reserve Port Lote Nº 16 – 91 points Parker – (mais informaçõesn)
Quinta Vale D. Maria 2016 Vintage Port – 95 points Parker – (mais informações)
Van Zellers & Co. 20 Year Old Tawny Port – new, never presented for ratings – (mais informações)
Van Zellers & Co. 1976 Colheita Old Tawny Port – new, never presented for ratings – (mais informações)
*Escala de 0/100 por Robert Parker, considerado uma das maiores autoridades em vinho nos últimos 30 anos.
Lisboa, Portugal
Data a anunciar
Em 2019, a Hovione celebra 60 anos. Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
Lisboa, Portugal
9 de Julho
Em 2019, a Hovione celebra 60 anos. Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
Cork, Irlanda
5 de Setembro
Em 2019, a Hovione celebra 60 anos. Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
Programa:
10:00-10:15 – Boas-vindas
10:15-10:45 – História da Hovione
10:45-11:00 – Fotografia de Grupo
11:00-12:00 – Visita às instalações
12:00-13:00 – Almoço
13:00-13:30 – Encerramento
Loures, Portugal
Data a anunciar
Em 2019, a Hovione celebra 60 anos. Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
Pretendo juntar-me a vocês nesta celebração
New Jersey, EUA
26 de Setembro
Em 2019, a Hovione celebra 60 anos. Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
Macau, China
10 de Novembro
Em 2019, a Hovione celebra 60 anos. Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
Tóquio, Japão
13 de Novembro
Em 2019, a Hovione celebra 60 anos. Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
Mumbai, Índia
19 de Novembro
Em 2019, a Hovione celebra 60 anos. Teremos o maior gosto que celebre connosco esta data.
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Mistura de idiomas
1952
A história passa-se ainda no Instituo Pasteur de Lisboa na Rua Nova do Almada onde o Engº. Villax trabalhava no desenvolvimento de novos fármacos. A língua Portuguesa ainda estava em desenvolvimento e quando lhe faltavam as palavras correctas neste idioma recorria ao Francês, idioma que dominava perfeitamente dado que nos anos anteriores à sua chegada a Portugal tinha trabalhado em Clèremont-Ferrand (França).
Um dia o Eng. Villax disse-me:”Vai lá baixo e traz-me um balão de vidro com “chiffres” na rolha”.
É claro que fiz um enorme esforço para conter a vontade de rir! Mas o Engº. Villax não brincava no trabalho e eu tinha alguns conhecimento de francês. Daí ter concluido que o Engº. Villax referia-se a “um balão de vidro marcado com números na rolha” o que era prática corrente de identificação.
A história correu o IPL e ainda hoje lhe acho graça.
Fabricação do Pantofenicol® no barracão do Laboratório Asclepius
1960
Entrei em Novembro de 1960, quando o Sr. Eng. me convidou para trabalhar com ele. Disse-me que ia montar um laboratório, iria ser um casamento, se desse bem era para todos, se não desse, olhe paciência… Aliás, eu devo dizer que antes de aceitar a proposta do Sr. Eng., que representava mais 600 escudos por mês, na altura bastante mais dinheiro do que eu recebia no Pasteur, falei com o Sr. Teisseire, que me tinha lá metido e era um dos patrões do Instiuto Pasteur. Perguntei-lhe se deveria aceitar a proposta e o Sr. Teisseire disse: “Vá, vá que o Eng. Villax é esperto e aquilo vai dar”.
Quando começámos a fazer Pantofenicol, não tínhamos nada… O Sr. Eng. falou com o Simões e ele foi ao Braz e Braz comprar uma panela de alumínio. Depois fomos ao Federico Bonet comprar os balões, vidraria e uma bomba de vácuo. Isto foi tudo transportado para o Laboratório Asclepius, na Av. Miguel Bombarda. Eles alugaram um barracão no quintal e aí é que eu, sozinho, fazia o Pantofenicol. Preparava-se tudo e punha-se o balão num banho de parafina, depois destilava-se, concentrava e precipitava-se. A certa altura, tendo faltado o cloroetileno para a precipitação, lembrei ao Sr. Eng. que uma vez no Pasteur ele tinha experimentado precipitar com clorofórmio e tinha funcionado. Foi por isso que passamos a usar clorofórmio.
Eu, já no Pasteur, fazia o Pantofenicol, pois eles vendiam o produto em Portugal enquanto o Sr. Eng. tinha o direito de o vender no estrangeiro. Do Laboratório Asclepius, seguia para a Espanha e Itália. A Maria Angelina e eu casámos em Agosto de 61 e Setembro seguimos de carro com o Sr. Eng. para a Itália, trabalhar na Fermentfarma . Ainda me lembro de ter ido à empresa Chinoin, em Itália, ao voltar da Fermentfarma, para os ensinar a fabricar o Pantofencol, pois o Sr. Eng. tinha fechado um contrato com eles. Eu conseguia fazer uns 4 kilos por dia, entre as operações todas. Importávamos o cloranfenicol e o pantotenatoto de cálcio.
Há coisas que não se esquecem!
1960
Junho de 1960. Tinha 17 anos e trabalhava desde os 13. Comecei por ganhar 300 escudos (hoje €1,50) e estava com 900 escudos (€4,50). Estudava à noite e ""fazia"" tempo para o basquetebol.
Uma pessoa amiga perguntou-me se queria ir trabalhar para uma empresa recente mas com muito futuro. É claro que queria e fui falar com o Eng. Ivan Villax na Travessa do Moinho de Vento, ali para os lados da Lapa.
A proposta foi muito clara: trabalho de escritório, trabalho no exterior (correio, bancos, entregas ... o que fosse necessário); 15 dias de experiência e o vencimento de 1500 escudos! Uma surpresa! É claro que aceitei e tive férias a trabalhar.
Esses 15 dias chegaram para perceber que “os patrões” eram os primeiros a dar o exemplo e de que maneira! Bom ordenado – para o que era corrente na época para alguem com as minhas habilitações – mas muita exigência e, o mais importante, demonstrando como se faz!
O local de trabalho era um pequeno espaço (4 x 3,5) onde trabalhavam o Engº. Villax, a Dª. Diane Villax, a Manuela Moura (secretária) e eu próprio.
Havia um ruído de fundo frequente: o choro de crianças – o Peter com pouco mais de um ano e o Guy com poucos meses – e o cantar da Arminda (empregada que ajudava nas lides domésticas). Sempre que tinha oportunidade, dizia-me: “só vai aguentar três meses...são muito exigentes”.
Previsão errada. Já lá vão 47 anos.
Início da minha carreira
1960
Um dos fundadores e uma sólida “trave-mestra” da Hovione, que tive o enorme e grato privilégio de secretariar durante mais de quatro décadas (1960-2003). Aqui presto o meu sincero tributo a um grande Homem da Ciência por quem, devo dizer, sempre senti a maior admiração e afecto.
Corriam os “loucos” anos 60 e, embora ainda adolescente, tinha consciência dos problemas que na época afectavam uma juventude “explosiva”, na busca de ideais que, no meu caso, não incluíam particularmente o “mundo do trabalho”. Nunca tendo pensado entrar no mundo do trabalho que considerava masculino, por um mero mas feliz acaso, vi um anúncio no Diário de Notícias em que pediam uma secretária. Decidi responder e fui aceite. Passados todos estes anos, foi, sem dúvida, a escolha “certa” pela riqueza de conhecimentos que o Eng. Villlax e a minha experiência de trabalho na Hovione me transmitiram.
Comecei a trabalhar em 2 de Dezembro de 1960 na Trav. do Moinho de Vento, num pequeno escritório, como, aliás, pequena era também a Hovione na altura. Tudo era novo para mim, mas, com muito empenho, depressa me adaptei. No colégio aprendera dactilografia numa máquina que mais parecia saída da II Guerra Mundial. Devo dizer que a máquina eléctrica em que agora trabalhava me assustava, Era muito mais rápida e bastava um toque na tecla errada e pronto lá eu dava um pulo na cadeira. Felizmente, nessa época já havia o Radex, tiras de papel que ajudavam a disfarçar os erros, mas não podiam ser muitos, senão estava tudo estragado.
A 50 anos de distância, em plena era tecnológica, poucos poderão imaginar o suplício do papel químico. Além do telefone, o meio mais rápido de comunicação na altura, havia ainda o telegrama para avisar o cliente da expedição do produto. Todo o texto era ditado e soletrado ao telefone via Marconi. Alguns talvez se lembrem de um sketch da Eunice Muñoz, que retratava com muito humor o ridículo da situação. As fotocópias eram tiradas num equipamento complicado, que funcionava como uma máquina fotográfica, em que a folha de papel, depois de fotografada e mergulhada numa solução especial, era seca em seguida. Já quase me esquecia do famigerado papel selado – cada folha custava 5$00 – e por isso não eram permitidos enganos. Ainda não havia chegado a era do correio expresso, nem do telex ou do fax, e muito menos do computador com toda a panóplia de comunicação electrónica.
Éramos uma pequena equipa – além de mim, o Armando Simões, encarregue dos contactos com as entidades oficiais e de outras tarefas administrativas, e o Armindo Santos, técnico de laboratório, que tinha trabalhado com o Eng. Villax no Instituto Pasteur. E assim continuámos até que, em Março de 1962 nos mudámos de armas e bagagens para a Trav. do Ferreiro, mesmo ali ao lado.
A Hovione sempre foi uma empresa de vanguarda. Já nessa época os seus vários atributos incluíam a flexibilidade, a mobilidade e a inovação, traduzida no depósito de dezenas, e mais tarde de centenas de patentes a nível mundial, algumas ainda do tempo em que o Eng. Villax trabalhava no Pasteur. Mais tarde viriam os benefícios sociais, como o prémio de produtividade, o transporte e as refeições gratuitas, que incluíam a distribuição diária de 1 litro de leite por todos os empregados, bem como o seguro de vida e de saúde e ainda a medicina no trabalho. Até então apenas haviam nascido o Peter e o Guy. Lembro-me de algumas vezes, ainda bebé, ele subir, gatinhando, os dois degraus que davam acesso ao escritório. Logo aparecia alguém que solicitamente o levava para não perturbar o nosso trabalho. Na Trav. do Ferreiro viriam a nascer mais tarde a Sofia e o Miguel.
As instalações eram maiores e o Eng. Villax tinha um escritório só para si. Foi então que mais colaboradores se juntariam a nós: a Angelina Santos, que entretanto casara com o Armindo, a Arlete Santos, a Rosado Oliveira, o Manuel Moreira.
Ivan Villax - um grande Senhor que não se esquece nunca
1960
50 anos da Hovione. Desde que falamos, há já mais do que 1 mês, que fui matutando acerca do assunto. E devo confessar que dadas as nossas reduzidas ligações comerciais, pouco ou nada lhe posso contar acerca da Hovione que possa ser de interesse. Já o mesmo não se pode dizer acerca do Ivan Villax que me deixou uma muita nitida e inolvidável memória de uma rara calma e bondade. Desde do modo como atendia no Instituto Pasteur (ainda na rua Nova do Almada) este aprendiz de vendedor , de como (já na Lapa) me levou ás caves vê-lo de capacete e mascara gerir uma reacção química, naquele labirinto de vidros. Ou como ao fim da tarde interompeu uma conversa importante com o delegado da Uclaf , pois eram horas do treino de judo com o filho. Incidente que fez história em Paris. Sempre o mesmo senhor calmo, atento e bondoso. E tecnicamente um dos 5 melhores cientistas do Mundo no campo das hormonas corticoides. Isto na opinião do director técnico da Upjohn. Enfim um grande Senhor que não se esquece nunca. Um abraço Miguel Castanha
O "reactor" que não era nuclear!
1960
Nos longínquos anos de 60 os procedimentos junto dos organismos oficiais eram "complexos" e morosos. E para tornar as coisas mais difíceis a HOVIONE era uma empresa recente e, naturalmente, pouco conhecida.
A importação era dos processos mais “complexos”, envolvendo autorizações prévias dos organismos coordenadores da actividade, o preenchimento de diversos formulários com muito cuidado, caso contrário eram devolvidos (pelo correio) para serem rectificados.
Para importar um qualquer equipamento era necessário requerer um “Boletim de Registo de Importação” à Direcção-Geral do Comércio. O detalhe tinha que ser muito e explícito caso contrário o tempo de concessão era muito alargado. Lembro que num dos primeiros rectores de vidro que importamos do EIVS fizemos o “erro” de identificar o equipamento como “reactor”. A consequência foi que a DGC exigiu um parecer da Junta de Energia Nuclear!!!
Os produtos que importavamos para utilização ou para venda eram sujeitos a um complicado e moroso processo de importação. Primeiro era necessário requerer o tal “Boletim de Registo de Importação” ao organismo que coordenava a actividade – a Comissão Reguladora dos Produtos Químicos e Farmacêuticos. Depois, na mesma instituição, submetia-se à aprovação um “Verbete de Importação” com o qual se juntavam vários documentos: o BRI, a factura, o documento de transporte. E quando não estava certo, havia que rectificar, o que significava ter de voltar no dia seguinte para uma nova bicha.
Só havia uma solução: fazer bem à primeira. E foi o que começamos a fazer.
Primeiro aprendemos como se fazia, não só com os erros mas, sobretudo, lendo os regulamentos, pedindo esclarecimentos, colocando questões,etc. Dizendo doutra maneira, fazendo o trabalho de casa. O resultado foi que não só deixamos de perder tempo com rectificações e a Hovione começou a ser conhecida como uma empresa que fazia bem as coisas.
E esta maneira de estar e de actuar produziu, mais tarde, os melhores resultados com as excelentes relações que se foram estabelendo com as instituições com que a Hovione foi trabalhando ao longo dos anos: a Repartição da Propriedade Industrial (hoje INPI), a Câmara Municipal de Loures, o Instituto de Investimento Estrangeiro e mais tarde o ICEP, a Direcção-Geral da Indústria, o IAPMEI, o INETI, a API... Aí encontrámos excelentes profissionais, muito exigentes mas também com uma enorme disponibilidade para ajudar e que rapidamente entendiam que a Hovione não só parecia credível como também o era.
Armando Simões
Primeiros anos – Laboratório Asclepius e Travessa do Ferreiro
1961
Entrei na Hovione em 10 Abril de 1961 e comecei por trabalhar no barracão do Lab. Asclepius. Desde 1951 que já trabalhava com o Sr. Eng. no Instituto Pasteur como assistente de laboratório. Quando fizemos a mudança para a Travessa do Ferreiro, nem embalagens tínhamos para o equipamento. Balões, panelas, bacias de inox de ensaios, fogões eléctricos, veio tudo em sacas de serapilheira. O balão grande veio numa embalagem dada pelo Asclepius. Comecei logo a trabalhar nas cortisonas. Já tínhamos começado a trabalhar neste ramo no Pasteur, mas eles não estavam interessados em continuar. O Sr. Eng. tinha inventado um produto, a que deu o nome de Hexacortizona que, apesar de não ser um esteroide, tinha efeitos anti-inflamatórios sem efeitos secundários. Ele ainda tentou desenvolve-lo com parcerias, mas não tinha dimensão e o negócio nunca se concluiu. Os processos de fabrico das cortisonas eram muito complicados e difíceis. Era necessário fazer constantemente tentativas diferentes para se atingir o objectivo. A betametasona era muito difícil. Qualquer pequena alteração, de quantidade, de temperatura, alterava o resultado. Por vezes, tínhamos de lá ficar até tarde para ver a conclusão da reacção. Quando o Sr. Eng. nos encontrava no laboratório às tantas da noite, dava-nos 100 escudos para irmos jantar fora. O trabalho não era fácil, pois havia periodicamente falhas de electricidade. Se estivéssemos no meio de uma reacção que envolvesse agitação e, de repente, faltasse energia, lá se ia o lote. Começámos já na Travessa do Ferreiro a fabricar cortisonas em quantidades pequenas (nunca mais de 100gr.de cada vez) para exportação. Um dia, estava sobre a secretária do Sr. Eng. uma pequena embalagem de produto pronto a sair. Ele irritou-se com algo, deu um murro na mesa com tanta infelicidade que rebentou o pacote do produto. Foi pó por todo o lado. Lá se apanhou o produto que se conseguiu. Voltou a ser purificado e juntou-se a pequena amostra que guardávamos sempre e assim conseguimos perfazer a quantidade necessária. A Rosado e a Arlete, também se juntaram ao grupo, vindos do Pasteur. O Alberto, mecânico do Pasteur, veio para a manutenção. A Rosado fazia a análise e a Arlete ajudava no laboratório. Ainda me lembro de fazer cápsulas de Pantofenicol numa máquina pré-histórica. Houve também o episódio da linha de produção do antibiótico vindo da Itália que tinha de ser encapsulado no Laboratório Vitoria, depois metidos em tabletes de alumínio noutra firma, encaixados individualmente, por sinal já na casa de jantar dos Senhores Villax e por fim tudo colocado em caixotes para exportação para o Vietname.
Indústria Caseira na Travessa do Ferreiro
1962
A minha irmã trabalhava na Vista Alegre e um dia perguntou –me se a empresa ia mal. A razão da pergunta foi que a D. Diane tinha aparecido lá na loja com o Pai para comprar um serviço de jantar. Pela conversa, a minha irmã percebeu que o Pai já tinha dado o dinheiro para o serviço, por mais de uma vez, mas o dito nunca tinha sido comprado, pois o dinheiro era sempre necessário para outros fins!
Indústria Caseira na Travessa do Ferreiro 1/3 - Pantofenicol e cortisonas
1962
Continuámos a fabricar o Pantofenicol, a partir de meados de 1962 já na Travessa do Ferreiro, na cave do 1/3. Até houve uma história com um secador de origem alemã, supostamente à prova de explosão que, efectivamente, explodiu quando estava lá dentro produto a secar. Lembro-me que ainda voei uns metros, ficando coberto de pó branco. A partir daí, com a ajuda do carpinteiro Celestino, o Sr. Eng. mandou fazer um grande armário em contraplacado com prateleiras em rede donde saíam lateralmente dois tubos ligados a um secadores de cabelo que servia na perfeição para o efeito. Aí, nunca mais houve explosão. Eu fazia tudo, produzia, embalava, levava ao despachante, ia ao banco receber. A certa altura, achávamos que a casa estava mal de dinheiro e, foi aí que vimos a vida a andar para trás. Logo os dois a trabalhar no mesmo sítio. E se ficássemos os dois sem trabalho?
Posteriormente, tanto a empresa espanhola como a italiana começaram a fabricação. Mais tarde, o Professor Folch Jou da Promesa mandou uma amostra do Pantofenicol feito por eles com o certificado de análise e de facto estava perfeito. Até nos mandaram um cartão a agradecer. Ainda na Travessa do Ferreiro, começámos a fabricação das cortisonas. A Angelina, que tinha entrado em 1961, fazia a investigação com o Sr. Eng. e eu a preparação do produto. Primeiro, hidrocortisona, prednisolona, dexametazona e por fim a betametasona. Eu trabalhava sozinho. Punha-se um bidon de 200 litros no alto da escada de serviço e com um tubo ligava-se a outro em baixo e assim se fazia a trasfega por gravidade para a área de fabrico. Lembro-me da noite do tremor de terra na década dos ‘60’s. Sabia que a Sra. D. Diane estava sozinha, o Sr. Eng. em Itália e então viemos os dois para ver se havia problemas. Foi por sorte, pois encontrámos um boião de sodium metálico quase a cair duma prateleira. Se tivesse caído teria feito fogo, era muito perigoso, reagia com humidade e em contacto com ar ardia. Mais tarde, começámos a trabalhar com maiores quantidades de esteróides e foi preciso instalar um reactor por baixo do terraço. Este tinha altura a mais e então foi necessário fazer um buraco no chão para que coubesse. Nessa altura, utilizávamos o tetrahidrofurano e ácido fluorídrico, em balas pequenas. O processo de fabrico obrigava a uma reação Gringnard que todos achavam muito perigoso. Era preciso manter o produto a certa temperatura e ele tinha a tendência para aquecer. Utilizavam-se kilos de gelo e tinha de ser continuamente controlado para que não houvesse aquecimento.
Um “coração de ouro”!
1962
Trabalhei com o Eng. Villax no Instituo Pasteur de Lisboa desde que chegou a Portugal em fins de 1951 e no final da década de 50 decidi ir para Angola trabalhar. Quando os ataques terroristas começaram em Angola, o Eng. Villax pediu à Angelina – com quem me correspondia - para me transmitir que, se quisesse, podia vir trabalhar para a Hovione já que “os tempos estavam maus naquela região e a Hovione era uma empresa que tinha futuro e, se fosse preciso, disponibilizava o dinheiro para a viagem de regresso a Lisboa”.
Comecei a trabalhar na Hovione em Julho de 1961 e vivia em Almada. Um primos meu, pescador na Praia da Luz (Algarve) e sustento da mulher e de um filho pequeno, adoeceu gravemente e teve de vir para um hospital em Lisboa. Veio acompanhado da mulher e do filho. O internamento prolongou-se e, quando teve alta, apesar das ajudas, os parcos recursos que tinha trazido estavam esgotados: não tinha dinheiro para as despesas de regresso.
Prontifiquei-me a ir com eles obter ajuda junto da “assistência social” e, para isso, pedi ao Engº. Villax dispensa do trabalho e, naturalmente, contei-lhe o que estava a acontecer. O Eng. Villax ficou tão sensibilizado com o drama que aquela família estava a passar que tirou da carteira uma nota de quinhentos escudos e pediu-me para lhes entregar. No dia seguinte a Dª. Diane entregou-me alguma roupa para o filho do casal em dificuldades.
Alguns dias depois o Engº. Villax recebeu uma carta dos meus primos onde agradecia a “generosa oferta dum coração de ouro”.
Resta dizer que “quinhentos escudos” representava na ocasião 1/3 do meu vencimento.
Obrigado, Snr. Engº.
1963
Ano de 1963, tinha 24 anos, acabado de chegar de Angola, depois de 2 anos de serviço militar, hoje “antigo combatente”. Na altura, o extinto jornal “Diário Popular”, efectuou uma campanha de angariação de emprego aos militares recém chegados do ex-Ultramar, à qual aderi, e a Hovione em boa hora também. Em Setembro de 1963 fui convidado pela Hovione, para uma entrevista com o Snr. Engº. Ivan Villax, no escritório na Travessa do Ferreiro, 1 (à Lapa), da qual me lembro como se fosse hoje. A Snrª. D. Diane Villax, sentada a uma secretária, e o Snr. Engº. Villax, noutra secretária na sala ao lado. Fui recebido com toda a simpatia, depois de uma longa entrevista, foi-me proposto, um período experimental de 3 meses, para um trabalho de escritório, que incluía, serviços no exterior (correio, bancos, compras, entregas etc.etc.) no fundo, exactamente o que fazia o Snr. Armando Simões, que na altura estava no serviço militar, e eu viria substitui-lo. Iniciei a minha actividade, e de imediato, comecei a perceber, quanto “exigente” era o Snr. Engº. Ivan Villax, na sua forma de trabalhar. Essa “exigência” , levou-me a compreender que , durante os 37 anos que trabalhei na Hovione, sempre em estreita colaboração com o Snr. Engº Ivan Villax, se aprende a lutar contra todas as dificuldades profissionais, e particulares. Para tal, foi necessário seguir sempre o seu cunho pessoal, o de colocar, profissionalismo, honestidade, e acreditar, que seguindo este método, e me aplicasse, conseguiria alcançar o objectivo que pretendia. Ou seja, este grande Homem, preparou-me como ser humano, pronto para enfrentar tudo na vida. Um muito obrigado, Snr. Engº.
Um momento de pânico!
1966
Uma certa noite na Travessa do Ferreiro No. 1, durante os anos ’60, estando o Ivan na Itália, acordei e cheirei algo de peculiar. O que seria? Após alguns segundos realizei que só poderia ser um solvente. Sendo uma leiga a 100% no campo da química, poderia ser um de muitos solventes, mas tinha a certeza que era da família dum líquido que eu usava para tirar manchas de gordura da roupa que o Ivan sempre me dizia ser muito explosivo e/ou inflamável.
Algo me disse “Não acenda a luz, pode criar faísca e lá íamos todos ao ar!” portanto lá tropecei às escuras pelas escadas abaixo do primeiro andar, passando pelo rés-do-chão, abrindo janelas à medida que descia até chegar à cave.
De facto, o chão estava molhado e cheirava muito a, que eu depois descobri ser, acetato de etileno. Telefonei ao engenheiro que naquela altura trabalhava connosco, cujo nome se me evaporou na névoa do tempo e que não demorou a aparecer.
Conversámos sobre o problema e chegámos à conclusão que tínhamos que transvazar o que restava no bidon furado para outro em condições. Mas era pesado. Eu já tinha visto procedimentos durante os quais ligava-se um tubo dum tambor a outro e assim tudo passava o líquido. Mas para ter sucesso, o bidon pesado tinha que estar mais alto que o novo – gravidade em acção! De alguma maneira conseguimos pôr o bidon que vertia sobre um banco e inserimos um tubo na abertura superior, mas iniciar a trasfega??? O engenheiro não tinha muita imaginação e a minha única sugestão foi “ponha o tubo na boca e chupe até vir o liquido e depois vai sozinho.” Ele não achou uma ideia aceitável e por fim fui eu que chupei e assim resolvemos o problema. Entre os dois, limpámos o chão, fechamos bem o novo tambor e eu voltei para a cama.
O Ivan ficou horrorizado quando lhe contei o sucedido mas não houve azar….
Os acessos à fábrica de Sete Casas
1969
A fábrica de Sete Casas, construida no extremo duma pequena propriedade rústica dos Villax, já estava na fase das montagens de instalações e equipamentos.
Todos os dias chegavam novos equipamentos. Eis que chega de Itália um daqueles camiões enormes com a cabine do motorista separada do local de carga. Não tinhamos previsto um camião daquelas dimensões!
O acesso à fábrica – um estreito caminho camarário que separava áreas agrícolas, de terra batida, com muitos buracos, bordejado por árvores e arbustos que ainda o tornavam mais estreito – não tinha condições para o camião passar e fazer a descarga dos equipamentos!
O acesso à fábrica – um estreito caminho camarário que separava áreas agrícolas, de terra batida, com muitos buracos, bordejado por árvores e arbustos que ainda o tornavam mais estreito – não tinha condições para o camião passar e fazer a descarga dos equipamentos!
As manobras que fez foram dignas de se ver e o que é verdade é que entrou e saiu fazendo alarde duma perícia invejável.
Com a nossa ajuda é claro! Tivemos de cortar muitas pernadas de árvores e arbustos para que houvesse um pouco mais de espaço. Foi nesse dia começaram os trabalhos de alargamento do caminho de acesso à fábrica de Sete Casas!
Liderança Extraordinária
1970
Em 1969, então com 19 anos, eu trabalhava numa pequena estação de serviço na rua do Sacramento à Lapa, perto da casa da família Villax. Foi aí que conheci o Sr. Engº Villax e Dª Diane, por via dos seus automóveis que lavei e atestei de gasolina algumas vezes. Iniciada a laboração na fábrica em Loures, era necessária mais mão de obra para a área de produção. Foi então que um dia desse ano de 1969, tive a agradável surpresa de ser convidado pelo Sr. Engº e Dª Diane para integrar a equipa, o que aconteceu em Fevereiro de 1970. Fiquei obviamente muito contente. Ia ter melhor salário, melhores condições em geral, e ter oportunidade de aprender coisas que me valorizavam mais, e me prespectivavam um futuro diferente para melhor. Uma vez integrado na laboração, cedo percebi o abismo que separava o alto grau de exigência e rigor para realizar reacções químicas e tudo o que lhes está associado, daquele que era o meu trabalho até então, numa estação de serviço. Compreendi que tinha tudo para aprender... Testemunho o crescimento e o sucesso da Hovione ao longo dos anos, desde a produção a um nível de escala piloto, de poucos kilos, até às muitas toneladas, com cada vez mais refinada tecnologia e exigência de qualidade. Mas, uma fábrica ou uma outra qualquer actividade, quando começa, passa por alguns episódios e vicissitudes, por vezes surgem problemas. Contudo, o que sempre observei e aprendi na Hovione foi que, não há obstáculos intransponíveis, todos os problemas, por mais complexos, devem ter uma solução. Foi esta ideia que foi sendo sempre transmitida a alguns dos que, como eu, conheceram e trabalharam directamente com o Engº Villax. Um homem com uma estatura intelectual fora do comum, que transmitia naturalmente confiança, rigor, e uma grande capacidade de trabalho. Trabalhar com o Engº Villax era trabalhar e produzir mais com menos esforço. Em dada altura, perante algumas dificuldades relacionadas com os processos de fabrico, o chefe de produção veio dizer-nos que:" hoje é o Engº Villax que acompanha todo o processo de fabrico deste lote". Naquele momento, devido à nossa insipiente experência de operários químicos, ficámos estarrecidos, um pouco como se nos tivessem dito para nos lançarmos do avião em para-quedas pela primeira vez, com a adrenalina nos níveis mais altos. Não por ser o "patrão" a trabalhar directamente conosco, mas sim por ser o Engº Villax, com toda a sua capacidade técnica e o seu saber, que nos iria liderar e avaliar de perto. Tal era o respeito que nós tínhamos por ele. Um colega a certa altura comentou: Sr. Engº, as coisas não estão a correr nada bem, temos de ir à bruxa, ao que o Engº Villax respondeu, com toda aquela tranquilidade de quem sabia muito bem o que fazia, "a bruxa sou eu". E todos os problemas técnicos foram resolvidos. Percebi também o lado humano do Engº Villax, uma pessoa acessível, que sabia ouvir, e não ficava indiferente aos problemas pessoais e humanos dos colaboradores. Em 1986, tive outra agradável surpresa, o convite do Engº Villax para colaborar e contribuir com a minha experiência no arranque da fábrica de Macau. Para mim foi ouro sobre azul, uma vez que eu já tinha desde há muito um grande fascínio pelo Oriente. Foi uma excelente oportunidade à qual procurei corresponder o melhor possível. Foi um prazer trabalhar e viver em Macau durante dez anos. E foi também um grande desafio treinar colegas chineses e filipinos, com outras culturas, que não faziam ideia nenhuma do que era um reactor ou uma reacção química. Apesar de algum stress continuous e perda de peso nos primeiros tempos, não houve problemas dignos de registo, e em menos de 2 anos já tínhamos muito bons operadores de produção e até chefes de equipa muito responsáveis. A Hovione vai comemorar 50 anos de vida, cujo início se deve sem dúvida a duas pessoas com grande inteligência, capacidade de trabalho e liderança extraordinários, Engº Ivan Villax e Dª Diane Villax. Longa vida e muitos sucessos para os próximos 50 anos, é o que eu sinceramente desejo à Hovione.
Mudança para Loures - PREC
1970
No verão de 1969 houve mais uma mudança, desta vez para a nova fábrica em Sete Casas, Loures, que começou por ser um único edifício. Só alguns anos mais tarde, ficaria concluído o Edifício 2, para onde transitaram os serviços comerciais, administrativos, de produção e de pesquisa.
Os anos que se seguiram foram de forte expansão, só interrompida pelo 25 de Abril de 74 e pelo Verão quente de 75 com a consequente instabilidade no mundo laboral. Alguns ainda se devem lembrar da Comissão de Trabalhadores logo a seguir nomeada, e das inúmeras reuniões que se sucederam.
Recordo um episódio no Sindicato dos Cabeleireiros no Chiado em que alguém, sentado atrás da Directora de Análise, inadvertidamente, lhe fez com o cigarro um buraco no seu belo casaco de pêlo de camelo. Para mim e muitos de nós, naqueles tempos conturbados, apenas o Eng. Villax nos poderia conduzir a bom porto. E assim foi – a maioria venceu.
Nós fizemos para “aguentar o barco” e acho que fomos bem sucedidos.
Ser ou não ser DROGA ..eis a questão
1970
A DROGA....
Um dia no ano de 1970 apareceu no aeroporto de Lisboa, Terminal de Carga da TAP, um senhor alto, cabelo alourado com um pequeno volume na mão para ser enviado para a Suiça. A pequena encomenda não teria mais de 1kg de peso bruto e ao ter acesso à factura fiquei espantado. Tratava-se de um produto chamado BETAMETASONA com um valor ENORME para a época...
O impacto foi enorme e logo na altura avisei o Sr. que estava à espera, que o volume fosse despachado e entregue a respectiva Carta de Porte, que o mesmo teria de ser devidamente verificado pela alfândega. Esta ao ter conhecimento da encomenda de imediato pretendeu ver e abrir a tal caixa para "inspecionar" o produto porque a suspeição era que produto que estava embalado numa frasco de vidro pudesse ser cocaína....
Tal abertura do frasco foi de imediato recusada pelo Sr. que estava à espera por motivos de ordem tecnica mas que convidava a alfandega a visitar a fábrica em Loures para perceber do que se efectivamente se tratava. A alfândega aceitou a proposta o produto embarcou e mais tarde a visita foi feita...(talvez a 1ª visita guiada da HOVIONE... talvez...)
A partir deste 1º envio TODOS as facturas da HOVIONE para exportação tinham de ser acompanhadas com uma declaração em que se mencionava que o produto constante da factura "NÃO CONTINHA ESTUPEFACIENTES" ... NÃO FÔSSE O DIABO...
Só uma nota final: os 2 intervenientes desta história: 1) O representatante da Hovione era o Sr.Eng.Ivan Villax 2)O representatnte da TAP era o signatário desta HISTÓRIA
Saudações a todos! Armando Bacelar Begonha
Trabalho na fábrica em Sete Casas, Loures - As hidrogenações
1970
Passei para Sete Casas em 1970. Só aí é que começámos a fabricar a doxicilina. Éramos talvez umas 12 a 15 pessoas no início e manteve-se o escritório na TF. Aliás, os ensaios já tinham começado no laboratório da Travessa do Ferreiro. As hidrogenações começaram e mantive esta responsabilidade até me reformar, com o nível de Chefia 4. O Sr. Eng. sabia como era perigosa esta operação, por isso era sempre eu que a fazia, pois ele costumava dizer que eu era muito cuidadoso e responsável. Muitas vezes eu próprio tinha medo e em casa ficava preocupado a pensar se teria ficado tudo bem.
Descarga de equipamentos - persistência e imaginação!
1972
Mais um equipamento volumoso a chegar. Ao meio da tarde. Transportado num camião que teve de baixar os taipais laterais para que a embalagem de madeira fosse ali colocada (possivelmente com uma grua ou com um empilhador).
Simplesmente nós não tinhamos nenhum desses equipamentos e àquela hora já não havia possibilidade de os mandar vir.
O Engº. Paul Biro - que tinha tanto de persistente como de competente - decidiu que tinhamos de descarregar o que permitia começar a montagem logo no dia seguinte.
Apenas a observar os trabalhos, lembro-me de pensar para comigo: "ou não conseguimos ou podemos ter uma situação desagradável. Sei lá, que a embalagem tombasse!"
Já era noite quando começou a descarga: fazendo deslizar a embalagem no sentido do comprimento, utilizando cabos de aço e cadernais para controlar o movimento. É claro que, como era muito pesada , num certo momento a frente do camião começou a levantar. A perícia de quem estava a movimentar os cabos "travou" a tempo a subida da frente do camião! Mas que foi um valente susto isso foi!
A descarga acabou por ser feita dessa maneira, já de madrugada, com muita persistência e "inovação": tivemos de escorar o camião na frente e na traseira para que não levantasse de novo!
Complicado? Sem dúvida! Eficiente? Longe disso! Mas a satisfação dos que estavam a participar foi ruidosa quando viram a embalagem no chão!
O meu primeiro fato de trabalho
1973
Comecei a trabalhar na Hovione a 3 de Setembro de 1973. Entrei às 08h00 e depois de ser apresentado a todos os trabalhadores da produção, fui com o Engº Carlos Azevedo ao armazém levantar os equipamentos de protecção individuais – EPI’s, pois a Hovione desde a sua fundação sempre se preocupou com a saúde dos seu trabalhadores.
Levantei luvas, botas, máscara de gases e filtros. O armazenista Sr. Martinho informou que não tinha o meu tamanho de fato de trabalho, mas que deviam chegar dentro de dias.
Pelas 09H00 fui cumprimentar o Sr. Engº Villax, que ao ver-me sem fato de trabalho, perguntou porque ainda não estava equipado. Informei que o armazém não tinha o meu tamanho, ele abriu uma porta do seu gabinete e entregou-me o seu fato de trabalho para eu me equipar.
Como o Eng. Vilax era mais alto e forte, tive que fazer várias dobras nas mangas e nas pernas. E assim andei vários dias com o fato de trabalho do Engº Villax.
Histórias do PREC I - Uma questão de "Bom Senso".
1974
No 25 de Abril de 1974 a Hovione tinha 45 colaboradores, a maioria dos quais tinham sido admitidos nos últimos 4/5 anos desde que a fábrica de Sete Casas iniciou a laboração em 1969. Apenas um núcleo de 7 empregados tinha sido admitido nos primeiros anos de vida da empresa (1960/63).
Durante o PREC (Processo Revolucionário Em Curso) - período que se seguiu ao 25 de Abril e que durou vários anos - muitas empresas foram nacionalizadas, umas directamente (bancos, seguros, indústria) e outras por via da posição accionista ou de créditos que os bancos detinham. Começaram a acontecer com muita frequência os “saneamentos” que mais não era do que o afastamento compulsivo de pessoas a quem eram imputados comportamentos incorrectos, sem qualquer processo de avaliação e que, em muitos casos, deu lugar a um “ajuste-de-contas” individualizado.
As notícias diárias davam conta dessas situações e havia um incitamento à participação na “revolução” e à “tomada do poder nas empresas por parte dos trabalhadores”. Quem discordasse era “reaccionário” e ficava muito perto do “saneamento”.
Na Hovione também houve alguma agitação mas com características diferentes, quanto a mim, baseadas no facto de as pessoas sentirem, principalmente, que não estavam a ser “exploradas” (as condições que tinham eram muito superiores às condições que tinham tido em empregos anteriores) e, por outro lado, que estavam a “aprender uma profissão”.
Mas mesmo assim houve um grupo de pessoas que, imediatamente a sequir ao 25 de Abril, decidiu apresentar uma “reivindicação” de aumentos salariais sem que tenha havido conhecimento e aceitação pela maioria dos colaboradores. A reivindicação foi aceite e os aumentos foram de 1000$00 (€5,00) e de 1500$00 (€7,50) consoante os níveis de salários auferidos.
Algumas pessoas - mais preocupadas com a manutenção dos postos de trabalho e reconhecendo as condições de trabalho existentes – discordaram da reivindicação e proposeram que todos os assuntos futuros deveriam ser do conhecimento de todos os colaboradores e aceite pela maioria. Mais, a discussão dos assuntos devia ser efectuada fora das horas de trabalho e em locais exteriores às instalações da Hovione. A aceitação foi pacífica e cumprida integralmente.
Hoje, à distância de muitos anos, considero que o "bom senso" que levou ao compromisso assumido por todos os colaboraqdores da HOVIONE fez com que nunca tenha havido os célebres “plenários” que eram convocados em qualquer momento e interronpiam o normal funcionamento das empresas. No nosso caso e pela natureza da nossa actividade (operações químicas que poderiam demorar mais de 24 horas), se tal tivesse acontecido, teria tido efeitos devastadores. E o clima que se vivia dentro da empresa era tranquilo, nada comparável com o que se passava na grande maioria das empresas em Portugal.
"Os Reaccionários
1975
Depois do 25 de Abril 74, seguiu-se um período bastante conturbado em todos os sectores da sociedade, estando no auge o famoso PREC (Processo Revolucionário em Curso)
Este processo, de acordo com a força política-social no poder, alterava constantemente a forma de prestar os serviços em todos os sectores. Seguindo esta linha, alguém “decidiu” colocar todos os Despachantes Oficiais e seus ajudantes, que trabalhavam no Aeropoto, numa única sala no Aeroporto de Lisboa. Sala esta, em que as pessoas tinham de se movimentar pelo meio de um labirinto de secretárias, armários, pastas, etc etc., até chegar à sua secretária.
Quando chegava o período da hora do almoço, os “Patrões” saíam para almoçar e a grande maioria dos Ajudantes ficava, dado que traziam algo para comer, e rapidamente transformavam a referida sala numa de convívio. Liam os jornais desportivos com os pés assentes nas secretárias, juntavam-se alguns à volta de um baralho de cartas etc. etc., e à medida que o tempo passava iam chegando outros já “almoçados” e o ruído de fundo aumentava, entre vozes e gargalhadas. De salientar que eu nada tinha contra este “sistema” pois não me afectava directamente visto que só lá ia como cliente, em representação da Hovione.
Certo dia, tive necessidade de me encontrar com um funcionário do nosso Despachante oficial no Terminal de Carga do Aeroporto de Lisboa para resolver um problema que tinha surgido na Alfândega que exigia a presença de um representante da Hovione. Depois do encontro, (Alfandega/Hovione/Despachante) foi preciso deslocar-me à referida sala acompanhado do funcionário do despachante (homem de certa idade com grande experiência alfandegária) mas estando já na hora do almoço, para poder passar, tivemos que desviar as pernas dos leitores desportivos, passar por bancas de jogo, isto seguido de um olhar de reprovação dos “incomodados”, até atingirmos a secretária do meu acompanhante, que ficava precisamente ao fundo da enorme sala.
Ele sentou-se na sua cadeira comigo ao seu lado e em conjunto começamos a preparar a documentação para voltar à Alfândega, logo que possível, com o problema resolvido. Passados uns minutos, começamos a notar que o ruído de fundo tinha parado, ficando a sala em silêncio, e de repente, ouvia-se um coro baixinho, aumentando gradualmente, até atingir o som de um grupo coral alentejano com todos a olharem para nós, a cantar “….ABAIXO A REACÇÃO, ABAIXO A REACÇÃO..”
Olhei para o funcionário, e ele disse-me “ …não ligue, que já se cansam, e continuamos a trabalhar” Conclusão: Estávamos a trabalhar na hora do almoço, como tal, éramos considerados reaccionários.
Histórias do PREC II - Os boatos.
1975
Muitos dos empregados da Hovione em 1974/75 viviam em Sete Casas e noutras localidades circundantes. As pessoas conheciam-se desde sempre, as famílias davam-se no dia-a-dia.
As preocupações eram muitas e eram objecto da conversa diária em casa e no café. Aquilo que se dizia e comentava era distorcido, aumentado, dramatizado. Começavam a circular os “boatos” – o diz-se que ... o fulano que trabalha na Hovione disse que...
- "a matéria-prima para o fabrico da betametasona não foi levantada do Aeroporto por falta de pagamento. Iamos parar a produção!”
- “os Villax já tinham vendido a Quinta de S. Pedro (local onde estava e está construido o Edifício 1).
- “a Hovione já tinha sido vendida”.
A atitude que levou a ultrapassar esta situação "incontrolável" foi muito simples: divulgar na empresa os "boatos" que se iam ouvindo no exterior.
Alguns desses boatos eram facilmente desmentidos por aqueles que tinham a informação e acompanhavam os assuntos: no caso da matéria-prima deveu-se a um atraso do banco no envio dos documentos , naturalmente, estava em "convulsão". Mas como desmentir os “outros”?
Por vezes “os actos valem mais do que mil palavras”: os salários continuavam a ser pagos pontualmente e continuávamos a produzir e a exportar a Betametasona.
Histórias do PREC III – “O Clube Artistico dos Cabeleireiros de Portugal vulgo Grémio dos Cabeleireiros”
1975
Hoje, quando falamos das reuniões que fizemos no “Grémio dos Cabeleireiros” a pergunta é “mas porquê no Grémio dos Cabeleireiros?.
Tínhamos decidido que as "reuniões de trabalhadores" teriam de ser efectuadas fora das instalações da empresa e alguém conseguiu um espaço onde cabiam as 45 pessoas a um preço razoável: 1500$00 (em 1975, hoje €7,50) e a comparticipação individual foi feita proporcionalmente ao vencimento de cada um (sobraram 2$90...).
Lembro-me (auxiliado pelas notas que então fiz) que as dúvidas “nasciam” em todas as áreas de funcionamento da empresa: as patentes, as vendas, os custos de produção, as contas-correntes, as despesas gerais... Tudo era questionado! Quem tinha informação (pelas funções que desempenhava) prestava esclarecimentos e, quando subsistiam dúvidas, acrescentava-se à “lista de perguntas” a efectuar ao Eng. Villax.
O que é certo é que todos nós ouvíamos informações sobre áreas de trabalho de que não sabíamos nada: os químicos a ouvirem explicações sobre o "deve" e "haver" da contabilidade, os da "contabilidade e administrativos" a ouvirem explicações sobre "reacções químicas", o mundo das patentes...
Quem havia de dizer que, muitos anos mais tarde, toda esta informação tornar-se-ia uma "ferramenta" de trabalho comum para muitos dos que trabalham na empresa!
Que o processo foi longo e “nalguns casos” doloroso para aqueles que acreditavam na empresa e nos Villax, isso foi. Mas tinha que ser feito e não podiam ficar dúvidas no espírito dos mais cépticos. O resultado final foi bom e a “equipa” ficou mais forte para os anos que se seguiram.
A minha 1ª prestação de serviços à HOVIONE
1978
Decorria o ano de 1978 quando prestei o meu primeiro serviço à Hovione. Foi o Sr. José Silva, motorista da Hovione, que entrou na minha oficina e me perguntou se eu podia rectificar duas peças pequenas, iguais às moedas de 20 escudos da altura, tendo eu dito que ia tentar. Passadas algumas horas ele voltou para levar as peças, perguntou-me qual era o preço e eu respondi que não era nada. No dia seguinte voltou a aparecer com uma requisição a dizer que o "patrão", o Sr. Villax, queria pagar o trabalho e queria um cartão com o contacto da firma, pois tinha gostado do serviço. Foi, a partir desse momento que, com muito orgulho me tornei prestador de serviços à Hovione até à presente data.
E assim se passaram 30 anos….
1978
Foi há 30 anos….abri o Diário de Notícias….e respondi a um anúncio! Após ter recebido um cartão a confirmar uma entrevista, achei melhor ir na véspera conhecer o local para não chegar atrasada, uma vez que a morada não me era de todo familiar.
Quando cheguei ao nº 1 da Travessa do Ferreiro deparei-me com um casarão, com as janelas todas fechadas (porque já era bem ao fim da tarde) e fiquei a pensar…..que estranho…..um escritório ! Ainda por cima o nome da empresa era HOVIONE ……completamente desconhecida….nessa altura não havia Internet para podermos “pesquisar” um pouco…
Mas no dia seguinte lá voltei à hora marcada e toquei à campainha. Quando entrei percebi…sim, isto afinal é mesmo um escritório.
Fui recebida por uma senhora muito simpática que na altura estava muito longe de saber que era a Srª Dª Diane Villax. Estivemos a conversar, fiz alguns testes que me foram solicitados e no fim….fiquei com o lugar. Estávamos por volta do dia 20/21 de Julho e a única coisa que pedi foi para entrar só a partir do dia 1 de Agosto.
E assim se passaram 30 anos…. Nesta data tão importante para a Hovione quero deixar aqui a minha especial homenagem ao Senhor Engenheiro Ivan Villax, à Senhora Dª Diane Villax e a toda a sua família que tão bem souberam conduzir os destinos desta Grande Empresa da qual me orgulho de pertencer.
Quero expressar um agradecimento especial à Senhora Dª Diane pelos anos que tive o privilégio de trabalhar ao seu lado nos escritórios da TF onde adquiri conhecimentos nas várias áreas da vida através do seu exemplo. Um muito obrigada.
Almoço aos Homenageados - Restaurante Mónaco - 1979
1979
Estava eu a trabalhar na Hovione havia 2 anos quando fui pela primeira vez a um almoço de homenagem aos colegas que faziam 10 e 20 anos de casa. Após o almoço e feitas as homenagens aos aniversariantes, ficamos todos a conversar um pouco. Nesse ano o nosso Grupo Desportivo tinha um jornal "O Hexagono" e eu fui incumbida de entrevistar o Sr. Engº Villax. Recordo-me de ter perguntado ao Sr. Engº se alguma vez a Hovione tinha deixado de pagar os ordenados por dificuldades financeiras e a resposta imediata foi "Não". Para minha surpresa e dos que nos rodeavam o Sr. Engº continuou: "Houve uma época em que a situação estava muito difícil e tivemos que empenhar as jóias da D. Diane para não falharmos com esse compromisso". E concluiu: "O salário de um trabalhador é sagrado". Escusado será dizer que a entrevista terminou ali. Vim a saber recentemente que as jóias estiveram empenhadas durante 6 (seis) mêses e que nunca nenhum salário deixou de ser pago pontualmente.
Fechou-se o círculo
1979
No verão de 1979 passei dois meses como estagiário na Hovione, vinda da minha universidade na Holanda. Trabalhei no laboratório e a minha tarefa era analisar os solventes organicos a fim de identificar as impurezas, caso existissem, por meio dum GC. Não havia espectofotometros, nem compostos de referência, só um detector FID, a Farmacopeia Europeia, um Manual Merck e um laboratório cheio de meninas analistas simpáticas e prontas a ajudar!! Podem ver pelas fotografias da nossa equipa que junto.
O trabalho tornou-se mais complexo quando o cilindro de ar comprimido, necessário para activar a chama do FID esgotou and foi preciso encomendar um novo.
Em 1979 isso não era tarefa fácil. Tinha que se pagar ao fornecedor à cabeça e naquela época uma transferencia leveva pelo menos uma semana. Portanto depois de ter perguntar por oito manhãs seguidas se o linidro tinha chegado, arrisquei-me a trabalhar com um HPLC novinho em folha que só a Isabel (ver retrato) tinha licença para utilizar.
Neste equipamento estudávamos a producão de betamethasona e beclomethasona no que repeitava impurezas e desvios.
Isto é simplesmente uma das boas recordaçoes que tenho da minha estadia na Hovione e Portugal, mas há muitas mais para partilhar. Fiquei encantado com Lisboa e o povo português.
Desde 1979 visitei Lisboa várias vezes, a última tendo sido em Abril de 2008. Formei-me em Química Analitica em 1982, fiz um PhD, trabalhei durante 17 anos num instituto de investigação da água. Mudei-me há 5 anos para uma CRO chamada NOTOX, aonde fazemos investigação sobre segurance e o ambiente pqra a indústira farmaceutica. Eu dirijo 45 pessoas nos laboratórios portanto voltei ao campo aonde trabalhei na Hovione!! Após 30 anos o circulo parece ter se fechado!!
Olhando para os retratos actuais da Hovione vejo um enorme desenvolvimentos desde 1979 bem como um Empresa de sucesso. Parabéns pela ocasião do Vosso 50º aniversário e desejo à Empresa e a Vós todos as maiores felicidades para os próximos 50 anos. Queria mencionar que estou grato e orgulhoso pelo facto de a Hovione me ter dado a oportunidade de lá trabalhar e assim aprender muito sobre produtos farmacêuticos, trabalho analítico e até um pouco de português.
Note: A Hovione muito agradece os excelentes retratos da época.
1ª Prova de fogo
1980
Com apenas 4 dias de trabalho na Hovione (Set. 1980), fui incumbida do registo de correio que, na altura, era realizado na Sala Biblioteca B1.2 durante a reunião diária de correio. A Manuela Leite deu-me as explicações necessárias à tarefa a realizar, além de me ter informado que teria que ir ao Gabinete do Engº Villax buscar o café e servi-lo aos participantes na reunião. Assim o fiz, mas dei-me conta de não ter um local para deixar o cone com o filtro, já que não me parecia apropriado deixá-lo em cima da secretária mas, por outro lado, desconhecia que o gabinete comunicava com um laboratório cuja preparadora (Arlete Santos) era quem recolheria o filtro usado. Resolvi levar o filtro em cima da cafeteira do café o que se revelou uma má estratégia. Com efeito, ao servir o café, o cone do filtro resvalou e para evitar que caísse na mesa fiz um movimento mais brusco com a cafeteira e acabei por entornar o café em cima da correspondência que já se encontrava a circular. Escusado será dizer que qualquer buraco teria dimensões pequenas para me fazer desaparecer naquele momento ou, pelo menos livrar-me da aflição em que fiquei. No entanto, o Engº Villax com o sentido de humor que o caracterizava, tirou do bolso o seu lenço branco, limpou o café entornado e disse-me: "NÃO CHORA" ... E não só não chorei, como houve um coro de gargalhadas entre os participantes, o que desanuviou de imediato o ambiente e a reunião pode prosseguir sem mais incidentes.
AGULHA NO PALHEIRO...
1980
A HOVIONE já estava em plena fase de grande expansão e o mercado dos Estados Unidos começou a ser um alvo prioritário.
Um dia o departamento de exportação da HOVIONE(ainda estava localizado na Travessa do Ferreiro) contactou o seu transitário desse tempo a informar que uma palete com 80kgs com destino a um dos seus clientes na América tinha desaparecido e ninguém encontrava essa encomenda e já tinham passado vários dias.
O assunto era grave porque se tratava de uma encomenda importante e porque muito principalmente a imagem perante o cliente era muito afectada.
Nessa altura encontrava-me nos Estados Unidos na área de NOVA YORK(sales call) e como a encomenda tinha sido despachada para NOVA YORK decidi ir ao aeroporto e visitar a TAP(companhia aérea que tinha feito o embarque) e pedir se era possível ver o armazém de importação pois eu conhecia bem o tipo de volumes utilizado pela HOVIONE e talvez...pudesse ser localizado.
O armazém pertencia à UNITED AIRLINES uma companhia enorme na altura nos Estados Unidos e o armazém correspondia...era como procurar uma agulha no palheiro... Bem após 10 minutos de inspecção ...BINGO... lá estava a tal palete da HOVIONE numa posição de arrumação...em local errado...
QUE ALÍVIO!!!
Nota final:Os dois intervenientes desta história: 1)HOVIONE: D. Dianne Villax 2)O signatário
Saudações a todos! Armando Bacelar Begonha
Cheques totalmente escitos em chinês - como terá o Banco os decifrado?
1980
Uma história com graça de há muitas décadas.
Vendemos pequenas quantidades de corticosteroides a uma empresa de Taipei durante muitos anos. O produto era exportado e quando chegava ao seu destino, o cliente pagava-nos, por cheque.
E que cheques, ao receber o primeiro caíu-me a alma aos pés. Estava totalmente escrito em caracteres chineses, o beneficiário, o montante, a data e a assinatura - só restavam os algarismos que eram os conhecidos universalmente, com a sigla de USD. Alem disso, já tinha sido endossado, atrás, por várias vezes. Sem grandes esperanças, lá entreguei o cheque ao Banco Espírito Santo no dia seguinte para compra e crédito em conta.
Ou tinham um tradutor in-house, ou sabiam que se houvesse azar, nos debitariam na mesma hora, mas lá creditaram o montante devido. Este sistema de pagamento durou anos e nunca houve qualquer problema, os cheques eram sempre bons!!
Que simplicidade!
Prefiro chegar tarde do que nunca!
1980
Durante o meu primeiro ano de trabalho na Hovione, o Ivan Villax recebeu um convite para falar no Departamento de Química da Universidade de Coimbra. Pediu ao Philip Page e a mim para o acompanharmos. Lá seguimos no enorme Volvo vermelho do Ivan na véspera à noite.
Naquele tempo ainda não havia auto-estradas. Tenho que confessar que foi uma experiência com muita ansiedade. No assento de trás eu era atirado dum lado para o outro ao ultrapassarmos tudo o que havia na estrada! Até que surgiram umas luzes atrás de nós e o carro ultrapassou-nos a grande velocidade. Ivan Villax, muito indignado disse "Viram isso? Há pessoas loucas. Prefiro chegar tarde do que nunca".
Um senhor muito persuasivo
1980
Fui convidado a integrar a Hovione em 1980. Recordo-me ter vindo a uma entrevista com o Ivan Villax. Tinha acabado de aceitar uma posição no ISEL e tínhamos comprado uma casa a sul do Tejo, no Barreiro. Transporte público para Cabo Ruivo era fácil e frequente, enquanto que era difícil chegar a Loures da minha casa.
Lá segui para a entrevista com o Ivan Villax sem grande expectativas. Atravessei a ponte sobre o Tejo, desci a Calçada do Carriche. Atravessei Loures e cheguei à fábrica em Sete Casas, no nosso novo Mini.
Naquela altura não havia muito tráfego. Não tinha a mínima ideia do que ia encontrar mas fiquei agradavelmente surpreendido quando vi uma fábrica limpa, organizada com nova construção atrás do edifício principal. (Durante quase todo o tempo que tenho estado na Hovione, tem havido expansão e novas constrições na fábrica.)
O meu primeiro encontro com Ivan Villax foi memorável. Ele atrás duma secretária enorme num escritório forrado de madeira. Pareceu-me alguém com muito genica, sabendo exactamente para onde ia e como lá chegar. Estava a expandir a fábrica e precisava de mais pessoal, daí a sua oferta para chefiar os laboratórios Investigação e Desenvolvimento. Eu estava um pouco reticente, explicando que tinha compromissos de trabalho e o local da minha casa. Perguntei-lhe porque deveria aceitar a posição. A sua resposta “Porque sou um homem muito persuasivo”.
Almoçamos num restaurante local – O Madeirense. Entrei na Hovione a 2 de Novembro de 1980 e ainda lá estou.
Parabéns Hovione.
1981
Ao fim de tantos anos, hoje lembrei-me de procurar na net o site da Hovione para ver caras de amigos e ex colegas! E não fiquei nada surpreendido do sucesso que ao longo dos anos esta empresa tem tido.
Cabe concerteza ao Guy e ao Peter a continuação do sucesso da mesma, ainda hoje tenho saudades dos colegas que aí deixei. Saudades tenho também da grandiosidade e humanismo do Pai da Hovione, Exmº Sr. Engº Ivan Villax.
Fui trabalhador desta empresa durante 10 anos, o primeiro operador de segurança em colaboração com a Engª Maria Bello, logo a seguir ao trágico acidente do Ferreira e Hernani (que acabaria por falecer em França num Hospital para queimados).
Na altura eu ainda bastante novo, casado e com dois filhos. Fui internado no Curry Cabral com uma pleuresia no pulmão esquerdo devido a uma pneumonia mal curada. Quando tive alta fui visitado em minha casa pela Ana Ferreira e pelo José Silva. Chegados á Fábrica o Sr. Engº Villax quis saber como eu estava e a colega Ana Ferreira pontualisou a minha situação assim como deu a conhecer as péssimas condições de casa em que eu vivia.
No dia que me deram como apto para o trabalho fui chamado ao gabinete do Engº Villax e este fez questão de saber se eu tinha terreno para construir a minha casa, respondi-lhe que sim, só que o problema era dinheiro. De imediato o Engº Villax disse que isso não é problema, ele fazia questão de emprestar o que fosse necessário.
Volvidos quase 25 anos desta fase da minha vida, quero deixar aqui o meu muito obrigado a família Villax e desejar que o sucesso que a Hovione tem tido ao longo destes 50 anos se perpetuem por muitos e longos anos!
Para todos aqueles que ainda se lembram de mim o meu abraço de amizade. Francisco Paulino
caso algum colega queira o meu contacto aqui vai: manuelpaulinoangola@gmail.com
Presente de 20 anos de Casa
1981
Em 1981, o Armindo e eu, o Sr. Simões, a Rosado que levou o marido e a Manuela Leite fomos presenteados pela Hovione com uma viagem a Hong Kong, Macau, China e Tailândia para comemorar os nossos primeiros 20 anos na Hovione. O Armindo tinha medo de andar de avião. Foram muitas horas de voo, parámos em Dubai ou Bahrein, depois algures na Índia antes de chegar a Hong Kong. Ficámos lá uns dias, fomos a Macau e até à china. Na volta parámos na Tailândia, onde vistamos Pattaya. A lembrança ficou viva nas nossas memórias como uma viagem inesquecível.
Acidente muito grave
1982
Estavamos na hora do almoço do 1º turno quando se ouviu uma grande explosão. Viemos a saber que tinha ocorrido no Edif 2, último piso, e haviam dois colegas, o Delfim Ferreira e o Hernâni Mira, gravemente queimados. Estava a realizar-se a destilação de Hexano sob vácuo e haviam muitos gases acumulados. Ao abrirem a porta deu-se a explosão seguida de incêndio. Os dois colegas desceram as escadas a correr, em chamas, procurando desesperadamente por auxílio. Os colegas Lina Reis e Jorge Cascais que na altura trabalhavam nas Compras, no 2º piso, saíram para o corredor para saber o que tinha acontecido quando se depararam com o Delfim Ferreira a pedir ajuda. Deitaram-no na alcatifa e rebolaram o corpo pelo chão para apagar as chamas com o auxílio de um tapete. Não viram o Hernâni que já tinha passado por aquele piso e se encontrava já no rés-do-chão a ser ajudado por outros colegas, entre os quais o Jaime Alves, o António Pinto, o João Oliveira e o Manuel Gadunhas, que utilizaram cobertores. Entretanto chegaram as ambulâncias.
Estavamos na hora do almoço do 1º turno quando se ouviu uma grande explosão. Viemos a saber que tinha ocorrido no Edif 2, último piso, e haviam dois colegas, o Delfim Ferreira e o Hernâni Mira, gravemente queimados. Estava a realizar-se a destilação de Hexano sob vácuo e haviam muitos gases acumulados. Ao abrirem a porta deu-se a explosão seguida de incêndio. Os dois colegas desceram as escadas a correr, em chamas, procurando desesperadamente por auxílio. Os colegas Lina Reis e Jorge Cascais que na altura trabalhavam nas Compras, no 2º piso, saíram para o corredor para saber o que tinha acontecido quando se depararam com o Delfim Ferreira a pedir ajuda. Deitaram-no na alcatifa e rebolaram o corpo pelo chão para apagar as chamas com o auxílio de um tapete. Não viram o Hernâni que já tinha passado por aquele piso e se encontrava já no rés-do-chão a ser ajudado por outros colegas, entre os quais o Jaime Alves, o António Pinto, o João Oliveira e o Manuel Gadunhas, que utilizaram cobertores. Entretanto chegaram as ambulâncias.
A Hovione também tratou de tudo para que as mulheres dos nossos colegas fossem mais tarde a Lyon visitar os maridos e lá estivessem vários dias. Durante a estadia dos nossos colegas no Hospital Édouard-Herriot havia uma informação telefónica diária do seu estado clínico que era distribuída pela Fábrica para que todos pudessem acompanhar a evolução do seu estado de saúde.
Infelizmente, ao fim de 40 dias de internamento o nosso colega Hernâni Mira não resistiu a uma pneumonia devido à grande extensão das queimaduras e ao facto de ser fumador e ter os pulmões menos resistentes. Felizmente o Delfim Ferreira regressou, esteve em recuperação durante vários meses e ao voltar à Hovione ficou a trabalhar no Armazém até à sua reforma em 2004.
As colegas que trabalharam comigo - chegada do "Wang"
1983
Durante cerca de 20 anos tive várias assistentes, mas ninguém que se comparasse com a Lina ou com a Glória Neta, que entrou em 1980. Foi, e continua a ser, uma óptima profissional. Pouco tempo trabalhou comigo – outros interesses se impunham.
Lembro-me de ter sido disputada entre o Director de Marketing na altura, Nelson Ramalho, e o Director Técnico, Dr. Philip Page. Venceu este último.
Também nos tornámos grandes amigas e sempre mantivemos uma sólida colaboração profissional, particularmente a nível de patentes. Lembro-me de lhe dizer que as patentes eram as minhas “filhas” e “netas” dela. Várias vezes fizemos traduções “à desgarrada”, além de muitos outros documentos como na altura do I&Deia XXI.
Em 1983, tivemos o primeiro computador “Wang” – uma bisarma, cuja impressora fazia um barulho ensurdecedor – só uns anos mais tarde surgiriam os computadores pessoais e impressoras a laser – um luxo! Lembro-me que este primeiro equipamento era partilhado por uma dezena de secretárias, que lutavam por um 1º lugar na lista de espera. Era uma novidade, que veio facilitar imenso o nosso trabalho. Também nessa altura surgiram o telex e o fax. Ainda me lembro dos longos “lençóis” de texto que, quase diariamente, eram enviados
A década de 80 e seguintes foram um marco histórico na expansão da empresa, em que muitos de nós tivemos o orgulho de participar. Como dizia um poeta espanhol “o caminho faz-se caminhando”. Assim foi o percurso da Hovione, concebido pelo Eng. Villax, a que se lhe juntaram mais tarde os seus filhos, cada um na sua área específica. Todos eles, concluídos os seus cursos, contribuíram, de uma forma ou outra, para a inovação e o desenvolvimento da empresa, que o Eng. Villax tanto acarinhou.
Dois anos
1983
O que são dois anos na vida de uma empresa que comemora o seu cinquentenário? Quase nada. Para mim, foram dois anos que fazem parte da minha "história de vida" e que recordo com saudade: a personalidade, fortíssima, do seu fundador, Engº. Ivan Villax; as partidas de bridge à hora do almoço; a semana em Birmingham (com o Noé Carreira e o Azevedo, na primavera de 1983); o Manual de Segurança (com que, não há muitos anos ainda, me "cruzei")...Felicidades para os continuadores desta empresa de grande sucesso.
António Almeida Azevedo
1959-2009 50 anos da Hovione
1984
Fiquei sensibilizado quando, recentemente, o Sr. Simões me contactou comunicando a intenção de proceder à recolha de testemunhos de colaboradores da Hovione, a inserir na comemoração dos 50 anos da empresa.
Durante os anos em que fiz parte da "família" procurei dar o meu contributo e preservo a recordação de uma miríade de episódios, normais numa convivência profissional intensa e absorvente. Não serei capaz de transmitir o quanto me marcou a experiência!
Mas, como poderia esquecer a extraordinária equipa que chegou a realizar mais de 100 000 análises por ano? Ainda se fará a contabilidade deste trabalho? A quantos se deve o excelente (e reconhecido) trabalho feito para a USP, BP e EP? Quantos zelaram para que não fossem emitidos form 483 em três das sete inspecções do FDA que tive a oportunidade de acompanhar? Ou mesmo a one page form 483, emitido nas outras 4? Estará certamente esquecido o primeiro projecto submetido ao PEDIP e que possibilitou a aquisição do Absorção Atómica e a criação do IDA! Nem o Eng. Villax acreditava que iríamos conseguir o dinheiro e foi o Sr. Simões a assinar o projecto! E as auditorias dos clientes em 1994? E a descontaminação do sistema WFI? Ainda alguém se lembra? E a sala limpa? E os planos para a instalação do LIMS, as viagens à Sarget por causa das patentes, as visitas ao FDA em Rockville, incluindo uma célebre reunião no corredor durante a investigação aos Barr Laboratories no início dos anos 90? E o NMR? Mr. Yoshida (da Jeol) disse-me um dia que, 10 anos após a sua instalação, era o equipamento daquele modelo com melhor resolução na Europa!
Viver é, antes de mais, acumular recordações. Mais de 20 anos depois, creio que ainda seria capaz de fazer o esboço dos laboratórios de Macau, incluindo a colocação de cada um dos aparelhos analíticos! Incluindo as balas de gases, cujos manómetros, esquecidos numa qualquer gaveta em Macau, foram inicialmente considerados uma falha de planeamento! Mas, nada disso teria sido possível sem a qualidade do trabalho de tanta gente de valor com quem tive o privilégio de trabalhar durante a minha passagem pela Hovione. Partilhar momentos de pura exaltação, de muita adrenalina e também algumas decepções, faz despertar a grandeza das pessoas! Destacar momentos seria redutor. Destacar pessoas seria injusto. Para além disso, como se podem esquecer vivências que simples cartões de Natal, enviados por pessoas que não vemos há 12 anos, teimam em fazer recordar? Obrigado.
Um longo e positiva relação com a Hovione sobre litigio de patentes
1984
Em meados dos anos 80, eu estava envolvido no desenvolvimento das primeiras medições multinucleares de MRN em soluções sobre pressão gasosa. Esta tecnologia foi extremamente importante para permitir medições in situ das reacções catalíticas homogéneas de modo a identificar os intermediários catalíticos e perceber/controlar o mecanismo da reacção catalitica.
Resultante da minha primeira apresentação sobre o assunto no Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester (UMIST) em 1984, o Dr. Philip Page, que estava presente, contactou-me a perguntar se eu poderia estudar a reacção da hidrogenação de metacicilina para doxicilina da Hovione, o que, pelo que me lembro, tinha sido discoberto por Ivan Villax.
De início, pensei que este trabalho para a Hovione Sociedade Química S.A., naquele tempo o maior produtor mundial do antibiotico doxicicilina, ficaria concluído em 1 a 2 anos mas os advogados neste caso de litígio de patentes continuavam a pedir cada vez mais informação sobre a natureza dos intermediários e seus mecanismos. Apos cerca de 10 anos de trabalho, a Hovione apresentou o assunto no Tribunal Europeu da Justiça ganhando finalmente o caso. O painel de peritos do Tribunal Europeu elogiou particularmente o trabalho com o NMR da Universidade de Liverpool, elaborado, em parceria com a Hovione pelo Dr. C. Jacob e varios outros estudantes PhD sobre a caracterização duma variedade de complexos de rodio/hidrazina/fosfina.
Durante este longo periodo de colaboração, o Ivan foi sempre de grande ajuda, entusiasmo e muito apoiante, bem como a sua mulher Diane. É como muito prazer que eu recordo este período de trabalho tão positivo e é para crédito dos Villaxes que conseguiram uma segunda geração dentro da família para continuar esta forte herança industrial e com uma terceira geração no horizonte.
Fábrica em Sete Casas – Loures
1986
Trabalhei com o Sr. Eng. durante 35 anos, 10 no Pasteur e depois 25 na Hovione. Bastava o Sr. Eng. começar a dar instruções e eu já sabia o que ele pretendia, quais os resultados esperados. Compreendíamo-nos excelentemente e trabalhávamos em completa coordenação. O Sr. Eng. tinha muitas ideias. Às vezes, no meio de um ensaio, ele vinha com outra ideia. Para poupar espaço nos logbooks, eu fazia um risco por baixo do que estava a registar, começava outra descrição e depois de concluída, fazia outro risco e continuava com a experiência anterior que tinha ficado a meio.
Para findar, último comentário do Angelina e Armindo. “Sabemos que houve períodos difíceis, mas nunca ficou nenhum ordenado por pagar.”, referiu, “Lembro-me de um episódio, ainda na Travessa do Ferreiro, quando um pobre veio pedir à porta e o Sr. Eng. deu-lhe um roupão. A Arlete disse, “o pobre homem pode nunca ter tido um casaco, mas roupão já tem”.
A Angelina saiu em 1986 e Armindo em 1995.
A minha carreira na Hovione
1987
Comecei, em Janeiro de 1987, a trabalhar na Hovione PharmaScience Ltd. em Macau como empregada doméstica, tratando do apartamento do pessoal vindo de Portugal.
Em 1989, fui transferida para a fábrica na ilha da Taipa, como empregada da limpeza, aonde conheci e me dei bem com todos os outros colegas, além de adquirir experiência e conhecimentos úteis. Durante o meu trabalho diário, os meus colegas ensinaram-me a falar Português e Cantonense, para assim poder comunicar mais facilmente com eles.
Após alguns anos e com o apoio dos meus colegas, foi me dado uma oportunidade de trabalho no Departamento de Controle de Qualidade como aprendiza de laboratório, o que representou um ponto importante na minha carreira profissional. Daí para a frente interessei-me cada vez mais pelo trabalho de laboratório de maneira que até no meu tempo de lazer, lia SOPs, ou como hoje se chamam IOPs, e ia perguntando de cada vez que encontrava alguma dificuldade.
Hoje em dia sou Técnica de Laboratório e após mais de 21 anos de trabalho na Hovione, continuo a apreciar o meu emprego e sinto-me privilegiada e feliz de fazer parte desta Empresa de prestigio.
Depoimento - Eng.º Melo Araújo
1987
Em 1987 tive a honra de ser seleccionado para ser colaborador da Hovione. Desde logo pude constatar que estava inserido numa empresa organizada e com normas e procedimentos bastantes rigorosos. O Eng.º Ivan Villax marcou-me bastante pela forma de actuar. Sentia um medo profundo quando tocava o "bip" e tinha de ir ao seu gabinete no Edifício 1 ouvir aquilo que nunca suponha poder vir a ouvir! Fez-me crescer como Homem e estou-lhe eternamente grato por me ter dado a mão e ter possibilitado o crescimento da OMEP com as várias obras realizadas na fábrica. Sinto orgulho quando hoje entro na portaria e verifico que tenho uma ligação forte com grande parte dos trabalhadores. Nunca esquecerei a atitude que a Hovione teve em 2004 ao conceder-me o prémio de melhor fornecedor ibérico superando aqueles que mais peso têm na produção química. Fiquei muito sensibilizado! O meu muito Obrigado.
Fábrica de Macau
1987
Eu recordo-me que há mais de 20 anos tive uma certa curiosidade acerca duma fábrica misteriosa de químicos finos e assim aterrei na Hovione. Naquele tempo havia muita curiosidade acerca do género de produtos que esta empresa Portuguesa produzia. Parecia ter futuro e eu avancei – o resto é história.
Não sabia o que me esperava. A maioria dos dirigentes eram estrangeiros e nós éramos chineses locais, os filipinos só entraram mais tarde. Apesar das barreiras culturais e da língua, tivemos a sorte de ter um espírito de equipa que nos permitiu ultrapassar os primeiros meses difíceis. Isso devemos aos nossos bons mestres, Srs. António e José Carrilho que, não só nos mantiveram coesos, como nos iam transmitindo os seus conhecimentos tecnológicos.
A Hovione Macau, uma empresa empreendedora, tem-nos facilitado constantemente oportunidades de qualificação e desenvolvimento. A Empresa formou-me a ser um operador qualificado, acreditou em mim e promoveu-me a chefe de equipa.
Olhando para o futuro, continuamos a esperar que a Hovione continue a equipar-nos com os conhecimentos necessários para podermos voar bem mais alto que a concorrência.
Parabéns pelo 50º aniversário!
A 25ª hora
1988
Uma das pessoas cujo percurso também deixou marcas indeléveis na Hovione foi o Dr. Philip Page, com quem tive o privilégio de trabalhar durante 17 anos. Ao seu profundo background técnico, juntava-se uma gestão de tempo rigorosa e uma capacidade de trabalho invulgar. Mas tais capacidades tinham limites e o episódio que vos relato é a prova disso. Teve lugar numa das muitas 6as. feiras em que o Engº Carlos Azevedo (Director de Produção) deixava na sua secretária uma pilha enorme de folhas de produção, receitas, etc. para assinatura. No entanto, como o Dr. Page não assinava um único documento sem primeiro o verificar, essas pilhas representavam fins de semana sem descanso nem quebra no ritmo de trabalho semanal, já de si tão intenso. Numa dessas 6as. feiras, dizia eu, chamou o Engº Azevedo e disse-lhe: "Se tu queres que eu trabalhe 25 horas por dia, só precisas de me avisar, que eu passo a levantar-me uma hora mais cedo !"
Sensível e Humano
1988
Depois de várias tentativas, perdi o medo e decidi ir falar com o Eng. Villax para lhe pedir se a Hovione me emprestava 50 contos para adquirir uma viatura pois onde morava os transportes eram escassos e prometi pagar em 5 vezes.
Passados uns dias encontrou-se comigo no bar à hora do almoço e disse-me: "Vou-lhe conceder o empréstimo mas vai pagar em 10 vezes, pois tem uma criança para criar".
Palavras como estas definem bem um grande ser humano que foi o Eng. Villax-R.I.P.
Sorte ou destino?
1988
Escrever um testemunho sobre a Hovione é como escrever uma boa parte das minhas memórias.
Dois momentos ligados à Hovione ficaram na minha memória. Quando eu primeiro conheci o Guy e quando primeiro cheguei ao aeroporto de Kai Tak em Hong Kong em Março de 1988.
O meu primeiro contacto com a Hovione foi há vinte anos, estando em Lisboa para dois meses de férias do Brasil, em fins de 1987.
Estava no Algarve a folhear o Expresso quando vi um anúncio da Hovione para um Gerente disposto a viver em Hong Kong para um período inicial de quatro anos, exigindo licenciatura em Gestão e domínio de Português e Inglês, não especificando Chinês.
Mandei o meu CV por curiosidade e fui convidada para uma entrevista em Lisboa. Uma voz de senhora ao telefone disse-me para esperar na Av. Infante Santo, na esquina com uma mercearia pois que o seu filho, alto, loiro, de olho azul me esperaria aí no seu BMW vermelho, descapotável.
Achei um pouco estranho mas lá esperei e efectivamente com um chiar de pneus, um jovem parou em frente de mim, saiu do carro e cumprimentou-me: Guy Villax! Naquele momento, não pensei que aquele jovem jogaria um papel tão decisivo no rumo da minha vida durante os últimos vinte anos!
A primeira pergunta do Guy foi: “ e o seu inglês?” Cambridge Proficiency, respondi-lhe. Demos a volta e ele entrou numa garagem subterrânea. Cada vez mais estranho. A mãe do jovem estava a acenar com uns bilhetes de avião para Hong Kong e uma quantidade de recados.
Fomos, então, para uma sala de reunião e o Guy que já me tinha começado a explicar no carro o que se fazia em Macau, entrou então em mais detalhe sobre que se pretendia tanto em Macau como em Hong Kong da pessoa a admitir. Rapidamente, o Guy perguntou-me quando poderia partir para Hong Kong. Surpreendida e sem palavras, disse-lhe que precisava de pensar no assunto e falar com os meus Pais.
Tendo aceite o convite, voei de São Paulo para Hong Kong, uma terra estranha e distante (vir à China naqueles dias era impensável) e lembro-me do choque da minha vida ao chegar à Imigração – uma sala de chegadas com uma multidão de asiáticos, algo totalmente alheio pois nunca tinha vista tantas caras chinesas juntas em dias da vida!
A única cara conhecida no meio daquela multidão era a da Sofia Villax (!) a desejar-me as boas vindas com um sorriso. Ela levou-me rapidamente para longe daquela estranha multidão para o hotel Ramada Inn, em Wanchai onde deixei as malas e segui para jantar no apartamento do Guy em Blue Pool Road, Happy Valley. Estava ele e a Edith Wong, acabados de voltar da Feira de Cantão e não se calavam de contar sobre os óptimos preços do OTC conseguidos dos fornecedores chineses… o meu primeiro impacto com o mundo Hovione!
Em águas desconhecidas, no caminho do aeroporto para o hotel, comecei então a lembrar-me de tudo aquilo que tinha assimilado quando era miúda durante os anos de escola chinesa em Moçambique. Devagar mas lá do fundo da minha memória surgiram conhecimentos e fiquei contente de saber LER os nomes das ruas em Hong Kong e compreender cantonense!
Sorte ou destino? Só o tempo poderá responder. Mas vinte anos na Hovione marcaram a minha vida de tal maneira que agora vejo-me como uma pessoa completamente diferente. A experiência profissional obtida na Hovione deu-me, sem dúvida, uma bagagem de conhecimento e enriqueceu a minha vida com experiências interessantes que, doutra maneira, não teria obtido.
Vamos para a Irlanda !
1989
É do conhecimento geral a "perseguição" de que a Hovione foi alvo nos finais dos anos 80 por parte de uma grande multinacional americana por causa da patente da Doxiciclina. Um dos propósitos era que a Hovione parasse a produção deste antibiótico, o que nos impediria de fornecer os nossos clientes da Europa.
O caso foi parar ao tribunal de patentes. A situação estava complicada porque se tratava de uma grande multinacional americana contra um dos clientes da Hovione. O Sr. Engº Villax, um lutador nato, não baixou os braços nem perdeu tempo à espera do desfecho do caso e decidiu que a Hovione se apresentasse como voluntary co-defendant juntamente com o cliente nos tribunais de 8 paises da Europa.
E adicionalmente começou a analisar detalhadamente a lei de patentes de vários países e encontrou na Irlanda uma "janela" com saída para o problema de poder continuar a fornecer o cliente sem infringir patentes que em Portugal continuavam em vigor . Assim foi fundada a Hovione Irlanda. Estávamos no ano de 1990.
Foi assinado um acordo de "contract synthesis" entre a Hovione e a Plaistow, uma fábrica em Cork aonde a Hovione começou a fabricar a Doxiciclina Hiclato, Doxiciclina Monohidrato e DMSC (Doxycycline Metaphosphate Sodium Complex) por campanhas.
A Hovione soube montar um sistema em que as Vendas, na altura a funcionar nos escritórios da Travessa do Ferreiro; recebiam a informação total do resultado de cada campanha (Quantidade total produzida por lote; Número de lotes; Tipo de embalagem; Número total de barricas), bem como uma amostra de cada lote que era analisada cá para a emissão do respectivo Certificado de Análise. Cada campanha era acompanhada por um dos nossos Engenheiros Químicos que se deslocava a Cork para o efeito. As Encomendas dos clientes eram recebidas, como habitualmente, na Hovione na Travessa do Ferreiro Nº8 aonde funcionava a Hovione Irlanda. Daí partiam por fax as instrucções de embarque para o nosso contacto na Plaistow, Cork, com a indicação do destino, número de barricas e respectivo lote ou lotes a embarcar. Simultâneamente saía um fax para o Transitário que ia recolher a carga, com cópia para o nosso contacto em Cork, contendo as instruções de embarque, factura e Certificados de Análise.
Durante cerca de 4 anos fornecemos os nossos clientes da Europa, sem interrupção e sem infringir qualquer lei de patentes. Encerrado o litígio em tribunal e finalizado o contract manufacturing terminou assim a presença da Hovione em Cork, Irlanda. Corria o ano de 1993...
Dedicado à Sra. D. Diane Villax
1990
Eu tinha terminado o meu Curso na Faculdade e precisava de começar a trabalhar. Estávamos em finais de Agosto de 1990. Respondi a dois ou três anúncios publicados no "Díário de Notícias" e, dois dias depois, recebi um contacto para me apresentar na Travessa do Ferreiro, a fim de ser entrevistada.
Lembro-me desse dia como se tivesse sido ontem: muito sol e uma grande expectativa para com o que estava para acontecer. Fui entrevistada pela Sra. D. Diane Villax, na sala onde mais tarde fiquei a saber, se realizavam as reuniões com as Chefias.
Eu era muito nova, estava nervosa até que esta Senhora extraordinária começou a conversar comigo, cruzando as minhas habilitações com directrizes que a Empresa possuia, uma frase em Francês aqui, uma conversa em Inglês ali, cultura geral, interesses pessoais, etc. Ao fim de algum tempo, verifiquei que naquele curto espaço tinha dividido com esta Senhora algumas das coisas mais importantes da minha vida. Numa conversa inteligente em que me relatou alguma da grandiosidade da Hovione, não só pelo seu volume de negócios mas, também pelos valores empresariais junto das pessoas, junto do ambiente.
Passado um dia, com enorme felicidade, fui escolhida e passei a integrar esta Empresa que de algum modo e, até hoje, sinto ser um pouco minha também.
Trabalhei lado a lado com a Sra. D.Diane, na Direcção Financeira. Foram quase quatro anos em que aprendi imenso e tive o privilégio de conviver com pessoas de grande valor humano, profissional e cultural.
Mas, foi esta magnífica Senhora que mais marcou esta fase em que iniciava a minha vida. O seu exemplo, inteligência, sabedoria, simplicidade aliavam-se a um sentido de humor divertido, uma enorme coragem e espírito de iniciativa e, uma grande, grande generosidade.
A necessidade de arranjar um trabalho levara-me a ocultar inicialmente, a minha licenciatura. Porém, no dia em que soube que me iria tornar efectiva, dirigi-me à Senhora e contei o que faltava, retribuindo assim a confiança que em mim estava a depositar. Receei a reacção. Mas não devia! Foi com muita naturalidade que me ouviu e aceitou naquele momento. E preparou parte do que iria ser o meu futuro se eu tivesse permanecido na Empresa.
A transmissão dessa confiança perpetuou-se no tempo. A par de um grande afecto que o tempo e a distância só vieram aumentar. Nunca deixei de me corresponder com a Sra. D. Diane que apesar de ter a sua vida tão preenchida, tem sempre um espaço para mim, o que muito me privilegia.
Quanto à Hovione, o seu "segredo" é fazer-nos sentir que somos um membro importante nessa grandiosa Família. É aí que reside a sua verdadeira Excelência.
Eduarda Figueiredo/Março 2008
Hovione - o lider em Macau
1990
Hovione Macau foi o primeiro fabricante de produtos farmaceuticos em Macau a estar aprovado tanto pelo ISO9000 como pelo FDA. As exigências de qualidade requeridadas pela Hovione Macau têm efectivamente levado ao progresso da indústria química de Macau e accelerado a reforma da qualidade nas suas fontes de fornecimento.
Tendo em consideração o 50º aniversário da Hovione, abaixo está descrito o testemunho do Sr. IH Chan da empresa Macau Chemical & Medical Gases Corp.:
Em finais dos anos 80 e princípios dos anos 90 havia, em Macau, muitas indústrias de tradicional e baixa tecnologia que incluíam têxteis, roupa, electrónica, brinquedos e móveis. Desde a chegada da Hovione a Macau, abriram-se novos caminhos à indústria local e factores novos para a diversificação do comércio externo de Macau.
Hovione Macau adere rigorosamente às normas ISO9000 e GMP. Sendo um dos seus fornecedores de produtos quimicos é essencial nós cumprimos certos requisitos do seu Departamento de Controle de Qualidade. Desde 1990 fomos aprovados como fornecedores de Hovione em Macau.
Olhando para o passado, tanto nós como as outras fábricas locais não estávamos habituados e até éramos adversos à implementação dss normas ISO9000 e exigências da Hovione. A razão para tal atitude era o estado primário da força laboral e da gestão que não realizavam o significado da qualidade numa indústria de alta tecnologia.
Estamos gratos à Hovione, a todos os níveis, pelo seu apoio constante que consideramos um bem intangivel adquirido. Com eles muito aprendemos tanto do ponto de vista da gestão como do operacional. Como resultado, o nosso negócio tem desenvolvido e durante os últimos 10 anos e soubemos ultrapassar o impacto dos periodos de recessão. Graças ao que aprendemos da Hovione, estamos aptos a competir no mercado actual e a olhar para uma globalização.
Conhecimentos de GMP levaram-nos a implementar uma melhor gestão do operacional e assim evitar crises e acidentes graves que anteriormente aconteciam.
Por fim queremos agradecer à Hovione e desejar muitos lucros ao Grupo no futuro.
Mantendo a Paixão
1990
A ambição é comum em gente aventureira como nós que vimos trabalhar para o estrangeiro. Nunca me esquecerei, com a ajuda de Deus, de manter esta paixão.
Lembro-me do dia, 28 de Junho de 1990, quando fui admitida pela Sra. D. Isabel Costa, com a ajuda duma amiga, Myrna Edrada, analista. Fui aceite como recepcionista apesar de ter um bacherlato em Ciências Agrícolas.
Tenho me sentido bem na Hovione, um ambiente profissional, rodeada de colegas amigos, chineses, filipinos e portugueses. Naquela altura éramos uns sessenta ou setenta e a Hovione Macau era formada por gente de muitas nacionalidades.
Naquele tempo o meu pouco espanhol ajudava-me a compreender e a falar umas palavras de português. Obviamente cantonese também era essencial para receber visitantes com um sorriso e um "Bem vindo à Hovione", encomendar papelaria e batas, arranjar tudo nos armários e emitir DEX ao pessoal às sexta-feiras.
Como secretária da Administração, uma das minhas tarefas preferidas era ao receber um fax our carta de encomenda, tinha que o passar de imediato ao meu chefe e preparar tudo para a reunião do correio. Todos os dias o Sr. Carlos Costa e o Sr. Paulo Antunes, os meus antigos chefes perguntavam-me: "Lita temos alguma encomenda hoje? Posso ter uma cópia?" Era uma rotina diária que me enchia de alegria quando podia responder de maneira positiva pois sabia que só assim a firma e todo o pessoal poderiam progredir.
Pelo contrário quase que tive que deixar o emprego quando magoei as costas. Acredito que Deus deu-me coragem e forças para ultrapassar a dificuldade e manter o mesmo entusiasmo até hoje. Terei trabalhado 19 anos na Hovione em Junho de 2009. Tenho muitas memórias deste tempo, fui aqui que conheci o meu marido, que aprendi muito e conheci gente de bom coração. Tenho-os no meu coração e como se diz "onde está o seu coração, ai tem o seu tesouro".
Rezo para o sucesso futuro da Hovione. Mabuhay!
Senti-me parte da Equipa!
1990
Quando entrei na Hovione, no início de 1990, ainda a fábrica não operava em regime de laboração contínua, as funções do Operador de Segurança eram ligeiramente diferentes do que são hoje em dia.
Durante a semana as nossas funções eram, basicamente, efectuadas na Portaria controlando os acessos às nossas instalações. Nos feriados e fins-de-semana, a nossa actividade de vigilância activa, acrescia com a responsabilidade de manter em funcionamento os procedimentos, entretanto iniciados e que não podiam parar, através de instruções precisas e registadas em Log Book passadas pelos responsáveis das respectivas áreas, por exemplo, análise, pesquisa, escala piloto e produção, entre outros.
Todos os dias úteis, seguintes à “paragem” da actividade, os equipamentos necessários ao reinício da laboração eram ligados pelo Operador de serviço de modo a que, quando os colegas chegassem, as instalações fabris estivessem prontas a funcionar. Este era o nosso dia-a-dia!
Um dia, véspera de feriado, ao chegar à Portaria tinha uma mensagem de que o Sr. Engº Villax me queria falar. Ao entrar no gabinete, e conduzido pelo próprio ao seu laboratório, o Sr. Engº explicou-me, de forma bem clara, o que pretendia que fizesse para manter o seu ensaio “vivo” durante o dia seguinte. Após o seu ensinamento, assegurando-se que eu não tinha qualquer dúvida, em tom de brincadeira, disse que me passaria um diploma de cientista se tudo corresse bem. Bem…o diploma não mo passou mas dirigiu-se, pessoalmente, no dia seguinte, à Portaria, para me agradecer o bom trabalho efectuado. Senti-me parte da Equipa!
Expo 92 - Sevilha
1992
Em 1992 tivémos aquela que foi a 1ª grande exposição mundial da Península Iberica dos tempos modernos - Expo92 em Sevilha.
A Hovione decidiu proporcionar uma "excursão" aos colaboradores que se inscreveram para tal. Partimos no dia 26 de Junho de 1992 de Sete Casas num autocarro alugado para o efeito em direcção à Ciudad Expo - a aventura começou aqui. Calhou-nos um motorista que para o melhor e para o pior tinha o nome de "Prudêncio". A prudência era de facto a sua maior qualidade - não ultrapassava nada, nem os limites de velocidade nem outras viaturas. Saímos da Hovione às 18.00h e chegámos à Ciudad Expo às 06.00h da manhã...
A aventura não tinha porém terminado. Na recepção deram-nos as chaves erradas e entrámos pelos apartamentos reservados aos Emiratos Árabes Unidos. Terminámos a noite (quem conseguiu) distribuindo-nos por alguns apartamentos (o marido da Glória lembra-se concerteza de me ter aberto a porta em roupa interior quando de madrugada eu ainda tentava alojar mais alguém naquele apartamento).
Depois já dentro do recinto da Expo, lembro-me de tentarmos manter um grupo mas que em determinada altura o Laureano que não é de estar parado disse: 1, 2, 3 acabou o tempo - nunca mais o vimos ! Voltámos a encontrá-lo mais o "Adérito" no autocarro de regresso à fábrica.
Foi contudo das viagens mais engraçadas que recordo até hoje.
PP01 - O primeiro projecto dos Esclusivos
1994
Estávamos em Fevereiro ou Março de 1994. Nessa altura o meu gabinete era no Edifício 1, perto da Biblioteca. Não me lembro o que estava a fazer quando o telefone tocou. Do resto lembro-me perfeitamente. “Dionisio, venha ao meu gabinete por favor” era a voz do Eng. Villax. DM: “Vou já” IV: “Obrigado”.
Ao chegar ao seu gabinete o Eng. Villax convidou-me a sentar à sua frente. IV: “Quer um café?”, ele oferecia sempre. “Tenho um problema, uma grande empresa farmacêutica pediu à Hovione para fabricar uns kilos dum composto novo, para ensaios clínicos, candidato a novo fármaco. O processo é perigoso e as pessoas cá acham que não o devemos fazer. Mas eu dei a minha palavra de químico que a Empresa o fabricaria. Dionísio, eu quero que leve estes documentos, e que estude o processo. Se preferir, pode ir para casa, um ou dois dias para estudar o assunto. Depois volte cá e diga-me se o processo é viável ou não. Mas olhe … o Eng. Villax levantou o dedo….se você me diz que não pode ser feito, não acontece nada, pois mais ninguém aqui o quer fazer mas se você diz que sim, vai fazê-lo.”
A informação técnica do processo consistia numa descrição de cinco passos, incluindo as condições analíticas para o IPC, os esquemas de reacção e um diagrama com a configuração da unidade de reacção para os passos 3 e 5 (ambos os passos usavam DIBAC). O segundo passo era uma dehidrobrominação usando hidreto de sódio, o quarto passo uma redução com hidreto de alumínio e lítio e os passos três e cinco utilizavam DIBAC.
Para pessoas menos conhecedoras destes reagentes, o hidreto de sódio e o hidreto de alumínio e lítio tem que ser manuseados com precaução (exclusão de humidade) pois reagem vigorosamente com água formando hidrogénio. No entanto, são reagentes bastante convencionais que são utilizados por todo o lado regularmente.
Pelo contrário, DIBAC (diisobutylalumium chloride) é um forte redutor que reage vigorosamente com água e com o oxigénio do ar, provocando auto ignição e explosão. Obriga que o trabalho seja executado numa unidade de reacção especificamente concebido sob condições rigorosas de exclusão de água e ar durante todas as operações até à total destruição do excesso do reagente. As temperaturas de reacção e adição têm que ser mantidas a -70ºC no 3º passo e a -35ºC no 5º passo. Sendo esta exigência mais uma dificuldade na concepção da unidade e na execução do processo.
No dia seguinte voltei ao gabinete do Eng. Villax e informei-o que o processo era de facto perigoso mas que, na minha opinião, tudo se pode fazer tomando as precauções apropriadas e nas condições adequadas e que a decisão final sobre o valor do projecto considerando o risco envolvido era dele.
O Ivan Villax pediu-me para explicar como pensava executar o processo. Passámos várias horas de perguntas e respostas, sobre aonde e como iríamos proceder às operações tanto a nível laboratorial como à escala piloto.
No fim da conversa técnica, o Eng. Villax perguntou-me o que iria precisar para executar o processo e eu respondi que basicamente precisava de duas coisas: a) Adaptar um reactor numa área restrita e instalar uma unidade para as reacções com DIBAC e b) Escolher pessoas com rigor e experiencia para executar os lotes a escala piloto. Não podíamos tomar mais riscos do que aqueles que já conhecíamos. O Ivan Villax pegou no telefone e pediu à Manuela Leite para chamar o Eng. Centeno.
Ao Eng. Centeno foi pedido prioridade para toda a necessária adaptação de equipamento, para trabalhar noite e dia e fins-de-semana pois era necessário apressar o projecto que já então estava fora do prazo para a entrega do produto.
O Joszef Balin (um químico Húngaro então em estagio na Hovione Loures) e eu executamos os teste preliminares na Sala dos Reagentes IV, que era uma área isolada no canto superior norte oeste do Edifício 1.
a) A equipa do Eng. Centeno fez um óptimo trabalho na unidade especial no Edifício 9 e as adaptações na área do Reagentes no Edifício 1 estavam prontas em Abril.
b) Ao José Carrilho e ao Alfredo André foram atribuídos a responsabilidade dos turnos na instalação piloto.
A quantidade pedida foi de 10kg de PP01 e a 10 de Junho tínhamos 12kg prontos para entrega, acordo com as especificações rigorosas do cliente.
Uns dias mais tarde fui novamente convocado ao gabinete do Eng. Villax que me agradeceu e exprimiu a sua satisfação pelos resultados obtidos. Soube depois que o Eng. Villax também chamou o José Carrilho e o António André para lhes exprimir a sua gratidão.
Sempre gostei de trabalhar com o Eng. Villax. A memória que tenho dele é de entusiasmo, determinação e transparência.
Uma lição de Química
1994
Na ilha da Montanha, uma ilha que se situa perto da ilha da Taipa onde fica a Hovione Macau, já há alguns dias que decorriam trabalhos de terraplanagem com recurso a cargas explosivas. O dia de trabalho fluía normalmente, até que perto da hora de almoço ouvi uma forte explosão.
Sentado no gabinete, ainda pensei - desta vez os chineses exageraram nas cargas! Mas depois soou o alarme e percebi então que não, não tinha sido mais uma explosão na obra, mas no B02.
Literalmente, tinha saltado a tampa ao precipitador que recolhia as águas da torre de lavagem de gases. Rápidamente as nossas brigadas entraram em acção, chamaram-se os bombeiros, e inevitávelmente começaram a chegar jornalistas e equipas de reportagem às zonas adjacentes à fábrica, na procura da melhor posição para filmar ou tirar fotografias. Alguns deles chegaram antes dos bombeiros da Taipa!
Para que o acidente não adquirisse uma dimensão exagerada dado o grande aparato que se verificava junto à fábrica, e para tranquilizar a população da Taipa, evitando o pânico, combinou-se realizar uma conferência de imprensa. Lá estavam o Engº Villax, a D. Diane, o Carlos Costa e mais alguns dos responsáveis da fábrica.
Na plateia, algumas dezenas de excitados jornalistas, sedentos de sensações fortes. Logo choveram as perguntas da praxe, qual a dimensão dos estragos, que perigos para a população, que produtos tóxicos se tinham libertado, quantos feridos, quantos mortos, etc, etc. Numa voz pausada e calma, o Engº Villax começou a explicar o que tinha acontecido, com grande pormenor técnico, alertando para a total inexistência de riscos para a população da Taipa, nunca mencionando se teria havido feridos ou mortos, acalmando os ânimos.
De imediato o entusiasmo da plateia esfriou. Afinal não havia notícia sensacionalista para dar, nem muito sangue para mostrar. Tratava-se simplesmente de um pequeno acidente numa unidade fabril na ilha da Taipa. E foi assim que a notícia passou à noite no telejornal da TV de Macau. Que grande lição de Química!
Os laços do Bowie com a Hovione
1996
Durante os anos 90, estando eu a estudar na Universidade e até conhecer o Sr. Guy Villax, nunca pensei que um dia estaria a trabalhar na profissão da minha escolha. Isto não é surpresa num país subdesenvolvido como a Myanmar, dantes conhecido como Birmânia, aonde as pessoas olham mais ao ganho financeiro do que a uma carreira profissional, isto devido à instabilidade política e situação económica do País.
Hoje, tenho orgulho e estou contente de partilhar as minhas recordações com a Hovione, que, duma empresa familiar desafiante cresceu até ser um negócio empresarial sofisticado. Simultaneamente realizei que consegui atingir o que o Sr. Ivan Villax me disse ao sair da minha casa: “Você é empregado da Hovione e tem que me prometer que trabalhará para a Hovione durante pelo menos cinco anos para seu benefício”.
O meu primeiro dia de trabalho foi a 10 de Janeiro de 1996. Comecei como operário na Produção, aprendi e qualifiquei-me a trabalhar na Hovione. A ligação que criei com a Hovione desenvolveu durante os passados 12 anos e, ao mesmo tempo, avancei na minha profissão e como homem.
De facto, a minha gratidão ao Guy, tanto do ponto de visto pessoal como profissional, e a alegria de o poder exprimir, não tem limites. Ele foi uma das pessoas que me traçou o caminho alcançado a partir do momento que o conheci num restaurante em Myanmar onde trabalhava como empregado part-time durante os meus estudos no princípio dos anos 90.
O tempo voa quando estamos contentes! Certamente nunca se me apagarão aqueles momentos lindos e inesquecíveis do meu trabalho na Hovione.
Sinceridade Compreensão Desafio Alegria Educação Evolução Determinação
(em inglês as primeiras letras de cada palavra escrevem “Succeed” – “Vencer”)
Realmente, toca-me lá dentro ao relembrar certas ocasiões de apreço ao trabalho cumprido. É meu objectivo esforçar-me para atingir as altas expectativas que a Hovione tem para todos os seus empregados. Espero que a Hovione será cada vez mais inovativo e que mantenha a posição de liderança no mundo da Farma.
Parabéns pelo 50º aniversário!
Passagem de testemunho
1998
Conheci a Diane do tempo da escola e ficámos amigos. Como estava a estudar, e depois a trabalhar, na Bélgica conheci o Ivan no final dos anos 50 e a amizade que me ligava à Diane rapidamente se estendeu ao marido. Isto para dizer que acompanhei com interesse e com admiração a criação e o desenvolvimento da Hovione. Já tinha estado em Sete Casas (nomeadamente em 1991 por ocasião do prémio europeu para o meio ambiente) e em Macau em 1988. Nos primeiros meses de 1998, quando me preparava para cessar as minhas funções de Director Geral na Solvay Portugal, recebi a visita da Diane, do Ivan e do Guy. Vinham-me convidar para exercer o cargo de Administrador não executivo na Hovione Loures. O Guy havia sido nomeado Administrador-Delegado e o Ivan queria se limitar ao cargo de Presidente do Conselho de Administração. A ideia era que eu funcionasse como "ponte" entre os dois garantindo uma boa comunicação e evitando eventuais conflitos de ideias. Sensilisado, aceitei o convite, por um lado confiante na grande inteligência dos interessados, mas por outro lado apreensivo. De facto sabia que o successo da Hovione era devido ao espírito empreendedor da Diane e do Ivan, ao"génio" químico do Ivan, mas também ao rigor e perfeição exigidos na concretização das suas decisões. Havia, pois, uma nítida centralização de poder! Como iria o Ivan aceitar a transmissão de poder ? Tal era a minha preocupação. Rapidamente fiquei tranquilisado. A passagem de testemunho foi exemplar. O Ivan, esse grande cientista que tinha conseguido dar ao seu empreendimento uma dimensão apreciável, esse chefe exigente mas com grandes preocupações sociais, soube restringir a sua actividade ao cargo de Presidente cada vez menos executivo, centrando-se na pesquisa e nas patentes. Soube fazer confiança aos mais jovens tendo em vista a continuidade e o desenvolvimento futuro da empresa que havia fundado. Aí também deu mais uma prova da sua grande inteligência. E que lição para muitos empresários que se agarram ao poder sem compreenderem que estragam a sua imagem e a sua obra !
3 kg de API dentro de um saco de viagem, num avião para a Alemanha
1999
Em Junho de 1999, acabado de produzir o 1º lote de uma molécula em desenvolvimento para Parkinson / Alzheimer, o nosso cliente pediu-nos a entrega urgente de 3 kg desse lote numa fábrica na Alemanha.
Como o transporte normal por avião iria demorar demasiado tempo e os ensaios clínicos tinham data marcada, o Guy pediu a um dos elementos da equipa de projecto para se disponibilizar e levar um pacote de 3 kg desse API.
Como o transporte normal por avião iria demorar demasiado tempo e os ensaios clínicos tinham data marcada, o Guy pediu a um dos elementos da equipa de projecto para se disponibilizar e levar um pacote de 3 kg desse API.
Já na Alemanha, instalei-me no hotel, deixei o pacote bem escondido dentro do guarda-fatos do hotel, saí para alugar um carro, jantei e regressei ao quarto. Na manhã seguinte, fiz o check-out do hotel e segui para uma viagem de cerca de 45 min até ao destino indicado.
O pacote ficou bem entregue. Em seguida, comuniquei para Loures que a missão estava cumprida e então regressei a Lisboa.
Foram 24 horas em solo alemão, e o sentimento de ter vivido uma pequena aventura!
O nosso cliente ficou enormemente impressionado com a nossa iniciativa ("That's great customer service!"), os ensaios clínicos avançaram na data prevista e eu fiquei com o orgulho de ter prestado um serviço 'tailor-made' para um cliente nosso.
Entretanto, a Hovione festejava os 40 anos e para quem, como eu, tinha na altura pouco mais de 2 anos de casa, foi uma época que recordo com saudade e orgulho em pertencer a esta equipa. O simpósio da Penha Longa foi muito bem organizado e, na visita à fábrica, pude contactar com alguns dos nossos clientes, que salientaram o entusiasmo que todos nós tínhamos (e ainda temos) pela nossa empresa. Foi uma semana de emoções intensas!
À procura de espaço para a expansão da Hovione em Portugal
1999
Em Julho de 1999 foi-me atribuida uma tarefa que constituia um excelente desafio: procurar um local adequado para a construção duma nova fábrica (a F3) para a produção de “princípios activos para a indústria farmacêutica” – a nossa principal actividade de então classificada como indústria de “classe A”. Já nessa altura – já lá vão dez anos... – era previsível que a capacidade de produção da fábrica de Sete Casas iria ficar esgotada dentro de pouco tempo. A sua expansão só seria possível se o fizessemos num espaço contíguo, dado que o PDM de então em Loures – e , ainda em vigôr - não permitia uma nova instalação de classe A.
Em finais de Julho enviámos a 22 Câmaras Municipais um pedido de informação quanto às possibilidades existentes para a instalação da F3 e, apesar do período de férias, metade das Câmaras entraram em contacto imediato connosco para informarem do que tinham disponível (ou não). As restantes informaram mais tarde que não tinham terrenos ou que o PDM não permitia a instalação de indústrias classe A.
O contacto que vim a estabelecer com Presidentes de Câmara, Vereadores, Técnicos, permitiu-me um conhecimento parcial do País real: a enorme vontade e disponibilidade de muitos autarcas para ajudarem mas também a inexistência de condições mínimas para a instalação de indústrias, nomeadamente no que diz respeito ao ordenamento territorial (PDM´s), espaços adequados (10 ha para o nosso caso), acessos rodoviários, fornecimento de utilidades, rede de esgotos, ETAR camarária, transportes públicos, etc.
As visitas aos locais disponíveis não foram nada animadoras: ou havia uma contiguidade com uma exploração de porcos ou de vacas, ou um bairro de habitação estava mesmo ao lado do terreno disponível, ou o terreno era mais apropriado para instalar uma boa “montanha-russa”!!! Mas também visitamos “parques indústriais” bem estruturados mas onde o espaço disponível não ia para além dos 2000 m2. Visitámos antigas fábricas desactivadas, onde se “sente” que houve outrora uma actividade vibrante e que “morreu” (Firestone, Valmet, Ford, Renault, Adubos no Poceirão...).
Com o tempo a passar e com o que ainda seria necessário para ter uma fábrica a funcionar (estudos de impacto ambiental, licenciamentos diversos para a construção e funcionamento, vistorias, etc, etc.) tornou-se evidente que a hipótese fabricação não era exequível. Então alterámos a ideia inicial de “fabricação” para a “investigação e desenvolvimento” e, sendo assim, já seria possível acomodar a actividade em Loures.
Tentámos adquirir um “montado de sobreiros” com 13 ha contíguo às instalações de Sete Casas e, para esse local, desenvolvemos um ambicioso pré-projecto de localização das nossas actividades de R&D (libertando os actuais espaços para actividades industriais e permitindo a expansão da actividade R&D). A abertura da C.M. Loures para apoiar o projecto, principalmente na resolução do problema “sobreiros”, foi entusiástica mas a exorbitância do valor pedido para a transacção do terreno inviabilizou todo o projecto.
Avaliámos possibilidades na Quinta da Ramada, na Quinta do Correio-Mor, no projecto do Parque Tecnológico de Sete Casas, todos pendentes de alterações no PDM e que, hoje, na maioria ainda não foram concretizadas. Até que o prazo possível esgotou-se e a “minha formação no Imobiliário” terminou. Foi mais uma actividade que, tal como tantas outras que tive na Hovione ao longo de inesquecíveis 49 anos, desempenhei com grande entusiasmo e vontade de aprender. O resultado não foi aquele que, principalmente como português, gostaria de ter tido: que a Hovione tivesse tido condições para ampliar as suas instalações em Portugal.
No entanto, como “HOVIONER”, fico orgulhoso e satisfeito por terem sido encontradas soluções alternativas que permitem o desenvolvimento da Empresa.
Armando Simões
Agora Apercebo-me do que Falavam do Avô
1999
Um dia o Avô levou-me ao seu laboratório; eu tinha apenas 8/9 anos e vi-o fazer uma experiência em que transformava um líquido transparente em cor-de-rosa e vice-versa.
Só apenas há um ano atrás é que comecei a estudar química a um nível mais aprofundado, e aí é que me apercebi do tipo de 'brincadeiras' que o Avô me fazia. Só agora é que dou o devido valor à sabedoria do avô de que todos falam.
Sinto uma enorme falta dele quer a nível pessoal, quer a nível dos meus estudos científicos. Tenho projectos/ideias e tenho pena de ele nao cá estar porque sei que me diria logo se seriam viáveis ou não.
História do Passado, perspectiva Futurista
1999
Entrei pela primeira vez nas Instalações da "minha" Empresa em Fevereiro de 1997, ou seja, há 37 anos atrás! Pertenci a um Grupo recrutado com algumas especificidades diferentes. Fomos intitulados pela família Villax de "Ministars"!
A Hovione, a tal "minha" Empresa, completa neste ano de 2034, 75 anos de Existência, e que Existência.
Ao fim de 12 anos de Colaboração com a Hovione, no já longínquo ano de 2009, já eu tinha imensas histórias para contar, todas elas partilhadas com os muitos GRANDES COLEGAS que encontrei ao longo de tantos anos. Quando digo COLEGAS, refiro-me a todos, incluindo o Dr. Guy Villax; pelo menos foi assim que ele se identificou quando, durante a Primavera de 1999, ligou para minha casa para me dar uma notícia que jamais esquecerei… e reparem que esse telefonema já foi à 35 anos atrás!
Eu estava com um problema grave na coluna e já o pescoço podia mexer. Lembro-me que quando tive de meter baixa, estava de tal maneira que para aliviar as dores, encostava-me ao R301, onde na altura produzíamos o Nelfinavir Base (VA01), e aproveitava a Alta Temperatura da Camisa para assim aliviar a dor. Já tinha recorrido a vários Médicos e todos me receitavam injecções atrás de injecções. Entretanto, um daqueles GRANDES colegas que encontrei na Hovione, disse-me para ir visitar um Médico especialista em Coluna Vertebral, que ele conhecia. Este disse-me logo que teria de ser Operado e que o valor dessa Operação era de €7000,00.
Eu estava em completo desespero. Sabia o que fazer mas não sabia como o fazer, visto que não tinha esse dinheiro e também não tinha entregue, em tempo útil, os “papéis” do Seguro de Saúde nos Recursos Humanos (coisas da idade).
Passaram-se 2 meses desde a minha visita ao Médico Especialista e eu sem conseguir solucionar o meu problema. Tive então de recorrer ao Dr. Guy. Expliquei-lhe a situação e o Dr. Guy disse que brevemente entraria em contacto comigo. No dia seguinte a ter falado telefonicamente com o Dr. Guy, ele mesmo ligou para minha casa, identificando-se à minha Mãe como “…Guy Villax, um meu Colega de Trabalho…”, e disse-me: “Nuno, já tratámos de o incluir no Seguro de Saúde da Hovione, por isso mexa-se e venha cá buscar o termo de responsabilidade da Seguradora para que possa ser operado, nós precisamos de si.”
Dois meses depois da Operação já estava de volta ao trabalho. Nunca mais me esquecerei deste episódio… e lembrem-se que já estamos em 2034! Parabéns HOVIONE pelos 75 Anos… (assim o espero!)
Nuno Trindade
Mistura de idiomas II
2000
Estavamos no ano 2000, e em Setembro eu entro para a Hovione, como Telefonista (lugar que ocupo ainda hoje). Tinha eu um mês de casa, e certo dia o EngºVillax, pede-me que eu ligue para uma empresa com quem ele falava regularmente, e diz-me o nome da pessoa com quem quer falar. O nome da pessoa que ele me diz em Hungarês (mistura de Português com Húngaro), não me parecia nada o nome do nosso contacto na empresa. Faço então a chamada e antes de a passar ao EngºVillax, digo-lhe o nome da pessoa, para ter a certeza de que era o contacto que ele me pedia. Passados uns minutos, o EngºVillax liga-me e pergunta-me quantas línguas estrangeiras eu falava. Eu respondi-lhe e depois ele diz, em tom de brincadeira: - Filha, você também tem que aprender o meu "português". E assim fui aprendendo Húngaro.
Reembolsos do IVA
2000
Para pedir o reembolso do IVA, todo o processo era moroso em virtude das exigências burocráticas.
Para podermos ser reembolsados no menor tempo possível tínhamos a preocupação de encerrar o mês logo na 1ª. semana do mês seguinte. Enviávamos às Finanças os seguintes documentos:
1 Garantia Bancária do valor em questão, Fotocópias dos IL's (documentos algandegários relacionados com as nossas importaçoes), Balancetes com 2 digitos, Balancete da conta 243, Fichas da conta 24322, Fichas das contas 2434 Fotocópias das facturas do imobilizado.
Em simultâneo ia uma carta aos SIVA (Serviços de Reembolso do IVA) a informar do nosso pedido de reembolso, pois este vinha deles.
Como os SIVA por vezes não cumpriam os prazos de reembolso, tínhamos que telefonar-lhes repetidamente a insistir.
Rigôr e profissionalismo
2000
Trata-se de uma história simples na sua ocorrência mas forte no seu conteúdo e conta-se em poucas palavras.
Diz respeito aos processos de importação que a Hovione submete com uma grande regularidade nas Alfândegas Portuguesas. Tendo aprendido à nossa custa, implementámos um procedimento interno que obrigava o nosso despachante aduaneiro a obter a nossa autorização antes de submeter os processos.
Após os processos estarem encerrados, as Compras efectuavam uma verificação ao documento de importação (DU) tendo detectado algumas incorrecções menores sem implicações legais ou fiscais, mas que no nosso entender eram importantes. Tanto da parte do despachante como da parte da Alfândega a mensagem que recebemos foi de que não merecia a pena preocuparmo-nos com essas incorrecções, porque todos os outros operadores também as faziam.
Foi um esforço significativo o de sensibilizarmos esta entidade que se o documento existia com campos/informações para pre-encher era porque deveria ser feito com rigor. Demorou algum tempo (algumas reclamações) mas no final conseguimos que as DU's fossem devidamente preenchidas.
"....arranjar os semáforos."
2001
Há uns anos não tínhamos ainda a rotunda lá em baixo perto do Supermercado Pingo Doce. Haviam uns semáforos que devido à intensidade do tráfego, estavam sempre fechados.
Era uma Sexta-feira, o Engº Villax sai da fábrica por volta das 16:30, e ao chegar aos semáforos, liga para mim. Queria falar com alguém da Manutenção, mas as pessoas com quem queria falar estavam em formação. Perguntei-lhe se desejava deixar algum recado comigo que eu depois o transmitiria.
Responde-me o seguinte: - Sílvia, peça a um electricista para vir arranjar os semáforos, senão logo vocês vão chegar tarde às vossas casas.
Com esta resposta, constatei o respeito e preocupação que o Engº Villax tinha para com os seus empregados.
O QUINTETO ERA DE CORDAS...
2002
Em Dezembro de 2002 fui contactado por um Sr. com voz calma, profunda, de sotaque estrangeiro, a pedir a minha ajuda para dar assistência na entrada de um QUINTETO HUNGARO que chegaria a Lisboa em Janeiro de 2003 para uma festa na casa em Manique.
Os músicos traziam além da sua bagagem pessoal os respectivos violinos e como na altura a HUNGRIA ainda não pertencia à COMUNIDADE EUROPEIA a entrada de outros objectos que não fossem considerados bagagem tinham de ter despacho de alfândega...!!!(era assim ... continua a ser ...enfim...)
Fui falar com o Director da Alfândega sobre este assunto e logo tive a melhor resposta. Não há problema quando chegarem AVISE-ME que eu dou autorização com o compromisso que depois eles tornam a levar os violinos. Assim foi feito e a própria HOVIONE enviou uma carta com esse compromisso.
No dia 03 JANEIRO de 2003 chegaria o QUINTETO no vôo da Lufthansa proveniente de Frankfurt e na sala de chegadas lá estava o Sr. alto, cabelo todo branco ( o tempo passa...) à espera do QUINTETO... Entrei para a área reservada e encontrei-me com o QINTETO... mas ... ao pedir para falarem com o Director da Alfândega sobre a entrada do QUINTETO mais os VIOLINOS a resposta foi: O Sr. Director hoje não vem... fiquei gelado pois quem sabe como estas coisas funcionam... ultrapassar barreiras burocráticas... é um problema..
O QUINTETO à ESPERA... O Sr.da Hovione à ESPERA.... Até que ... MILAGRE lembrei-me se o Sr. da HOVIONE não teria a tal carta dirigida ao Director da Alfandega pois isso seria prova que o assunto já tinha sido formalizado e tratado.
Carta entregue ao funcionário da alfandega na sala de chegadas e ABRE-TE SÉSAMO podem sair ... mas... não esqueçam com o COMPROMISSO que VOLTAM a EMBARCAR!!!...
Lá foi o QUINTETO e parece que a FESTA foi LINDA!
Nota Final: Os dois intervenientes desta HISTÓRIA: 1)O Sr da HOVIONE Sr. Engº Ivan Villax 2)O signatário Era uma vez ...uma reacção de AMIZADE que já tem 38 ANOS!!!
Saudações a todos! Armando Bacelar Begonha
O QUINTETO ERA DE CORDAS... e mais o contrabaixo
2002
23 Dezembro 2002... a iniciar mais um dia, como tantos outros antes, na Travessa do Ferreiro e sempre a aguardar o aparecimento, diário e matinal, do Sr. Eng.º Ivan Villax a caminho da fábrica de Loures. Neste dia, e em especial, ele surgiu com um "serviço" muito peculiar... arranjar um contrabaixo para um grupo hungaro que viria actuar daí a cerca de duas semanas.
Pondo-me em campo, contactei inúmeras lojas de instrumentos musicais (alugueres e vendas) e nenhum me conseguia disponibilizar tamanho objecto... um desespero de 2 dias até contactar um meu familiar próximo, ligado à música, que me sugeriu a Conservatória de Música de Lisboa.
Obtive o contacto, falei com um professor da instituição e lá consegui "desencantar" um contrabaixo... com severas condições de aluguer: seguro do instrumento pelos dias de aluguer, fotocópia do BI e numero de contribuínte do Sr. Eng.º e arranjar maneira de o ir buscar.
Tudo corria bem, forneci tudo o que foi pedido no dia 30 mas... quando fomos buscar o instrumento, levando a Ford Transit da Hovione, eu e o motorista deparámo-nos com um pequeno problema... as ruas estreitas para chegar ao Conservatório de Música. Levámos mais tempo a entrar e a saír das ruas do que toda a volta em si mas tudo correu bem e colocamos o instrumento em Manique.
O culminar duma carreira
2003
São muitas e gratificantes as recordações que guardo deste percurso conjunto, abruptamente interrompido pela morte do Eng. Villax em Junho de 2003. Várias vezes fui visitá-lo à Trav. do Ferreiro, algumas visitas de trabalho, já que, nessa altura, ele estava a preparar um artigo, em conjunto com a Engª Zita Mendes, para apresentarem num seminário organizado pela Universidade de Aveiro. Infelizmente, já não pôde estar presente.
Até ao fim demonstrou sempre uma força intelectual inabalável. Lembro-me de, poucos dias antas da sua morte, me ter deslocado com a Engª Zita à sua Quinta em Manique para pô-lo ao corrente desse trabalho. Fiquei triste ao vê-lo apesar de não adivinhar um desenlace tão rápido. Perdi o meu pai quando tinha 30 anos e em 2003 tive o desgosto de perder quem eu considerava um segundo pai, o Eng. Villax. Sempre me ajudou nos momentos mais adversos da minha vida e isso nunca poderei esquecer.
Mas a vida tinha de continuar e o meu trabalho na Hovione também. Custou-me muito desfazer o seu escritório e reler documentos que tínhamos preparado em conjunto. Terminada esta tarefa, fui trabalhar para a Farma com o Dr. Peter Villax e lá continuei com as minhas traduções e patentes. Nessa altura era a Isabel Pina quem o secretariava. Quando a convidaram para assessora da Dra. Sofia Villax, Directora da Comunicação, lá fui eu também.
Os últimos anos de trabalho na Hovione (2003-2005), devo confessar, foram particularmente difíceis. Nunca consegui recuperar da perda do Eng. Villax e, quando surgiu a oportunidade, reformei-me. Já tinha longos anos (quase 45) de trabalho e, embora a minha dedicação e empenho se mantivessem, era tempo do “descanso da guerreira”!
E assim deixei a Hovione, mas as boas amizades ainda hoje as tento preservar. É com prazer que acompanho o sucesso de uma empresa que vi crescer e me viu crescer com o muito que me ensinou.
Last but not least, e sem de modo algum esquecer todos os que me ajudaram no meu percurso, quero expressar a minha maior gratidão à Sra. D. Diane Villax e ao Dr. Guy Villax pelo seu apoio e amizade. Manuela Leite 2008.02.28
Hovione e a luta para ter medicamentos seguros.
2004
Conheci o Guy Villax há sòmente 5 anos quando o ouvi falar da "vantagem competitiva do não cumprimento". Mas, até parece que isto foi há muito mais tempo.
Fiquei espantado como o Guy, durante este período relativamente curto, conseguiu criar a diferença crucial entre o sucesso e o falhanço da luta contínua da nossa indústria para a segurança dos medicamentos.
Surpreendeu-me encontrar um CEO com tanta paixão e visão sobre os crescentes problemas de segurança com os Ingredientes Activos Farmaceuticos (API). Alem disso, o seu alto nivel de compreensão e profundo conhecimento dos detalhes técnicos e regulatórios deste assunto, jamais poderiam ter sido adquiridos no seu curso de Contabilidade e Gestão Financeira!
Foi uma experiência fantástica e inspiradora trabalhar lado a lado com um tal lutador!
Acho que o Guy é um exponente do que é e o que representa hoje a Hovione. Provavelmente o inverso também é verdade. Sem duvido os pais do Guy merecem muito crédito por onde ele e a Empresa estão hoje.
Muitos parabéns a todos que trabalham na Hovione pela etapa atingida dos primeiros 50 anos. que o vosso futuro seja brilhante!
Hovione, o meu senso comum
2005
Na escola, em Filosofia, aprendi algo do género, o senso comum é o primeiro saber da experiência. Eu direi então que a Hovione terá sido o meu senso comum a nível profissional.
Foi a empresa em que eu comecei a minha vida profissional aos 19 anos no Lab. Metrologia/Calibrações como instrumentista. Os mais de 3 anos aí passados deram-me bastante conhecimento e boas experiências a todos os níveis e a melhor maneira que encontrei para a retribuir foi dando sempre o meu melhor pela Hovione e espero que esta seja igualmente a mentalidade das pessoas que neste momento aí trabalhem e estejam gratos pela oportunidade de fazerem parte dessa grande equipa com grandes profissionais. Aproveitem e honrem o trabalho de todos os que por aí passaram e ajudaram a construir a empresa que é hoje.
Hoje em dia encontro-me na TAP, no Lab. Metrologia, e ainda digo aos colegas e pessoas que apanho no meu percurso profissional que tenho saudades dos tempos aí passados e que gostaria de nunca ter abandonado, mas é assim a vida. Por fim, agradeço à Hovione e a todos os colegas e companheiros que aí deixei, por tudo. Que a Hovione conte muitos mais 50 anos!
A Hovione vista por uma Estagiária
2006
Foram apenas 3 semanas que passei na Hovione em Julho de 2006. Estava entusiasmada por já poder ter uma experiência de trabalho e foi isso mesmo que retirei na minha breve passagem por lá.
Tirar umas fotocópias, tarefas acessíveis no computador, muita arrumação de livros e revistas (por algum motivo fiquei no departamento de Documentação & Comunicação) e levar uns documentos aqui e ali. Assim, conheci um pouco dos vários edifícios, as pessoas, os diferentes papéis que desempenham, a história, o ambiente que lá se vive e as particularidades de uma empresa com personalidade própria.
Na altura lembro-me que, passado alguns dias, só queria era ir para a praia, já que tinha que acordar às 7h e só chegava a casa às 18h, mas agora são boas as memórias que guardo desta primeira experiência profissional.
Também o meu irmão passou 3 semanas na Hovione em 2008; sempre que em casa se fala da Hovione, a conversa torna-se interessante...
Escola
2006
Numa palavra descrevo a Hovione como uma Escola. Uma Escola tanto ao nível pessoal como profissional. Uma Escola constituída por pessoas fascinantes com quem tive o privilégio de viver e trabalhar cerca de 8 anos da minha vida e que me fizeram crescer enquanto pessoa e profissional.
A Hovione transmite força e faz com que os trabalhadores sintam constantemente que fazem parte de uma equipa, e que só em conjunto se atingem os objectivos a que se propõem. Por mim falo, pois sempre tive orgulho em vestir a camisola Hovione. Literalmente, pois ainda hoje já não trabalhando nesta empresa, dou por mim a vestir os Polos da Hovione!
Obrigado Hovione, e que estes tenham sido apenas os primeiros 50 anos!
Felicidades, Diogo Botto
HOVIONE-50 anos protegendo a inovação
2007
Na origem do interesse e sensibilidade para este tema está uma história rica de mais de 50 anos, a lidar com patentes, que desde a fundação da Hovione, têm estado no centro da vida da empresa. Pode-se dizer que a Hovione deve o seu inicio e grande parte do seu sucesso ás invenções do seu Fundador, Ivan Villax que foi ao longo da sua vida autor de inúmeras patentes sendo as primeiras na área dos derivados de cloranfenicol, tetraciclinas e fermentação e sintese quimica da penicilina.
Actualmente com cerca de 400 patentes registadas internacionalmente a Hovione, tem tecnologia proprietária em áreas como antibióticos, corticosteroides, meios de contraste e inalação que lhe permite competir no mercado internacional.
Para encontrar o porque desta situação peculiar no panorama nacional, temos de recuar mais de 50 anos...
O inicio – os antibióticos O ano era 1956 e foi concedida a Ivan Villax a patente PT 33310, que descrevia um novo composto, o Pantofenicol®, um complexo dum antibiótico de largo espectro, o cloranfenicol, com pantotenato de sódio. Tinha a vantagem de evitar os conhecidos efeitos secundários do cloranfenicol. Foi com base nos direitos concedidos por esta patente que a Hovione começou a sua actividade internacional a partir de 1960, vendendo o produto na Espanha, Itália e Grécia.
Ainda na área dos antibióticos, nomeadamente tetraciclinas, Ivan Villax foi autor de mais de uma dezena de patentes, entre as quais PT36099 relativa a um processo para a halogenação de tetraciclinas. Sendo de importância também a patente PT 37 424, abandonada em Portugal após 19 anos mas concedida nos paises mais importantes, nomeadamente, Estados Unidos (US 3432394), Alemanha, Canada, França, Reino Unido, Irlanda, Suíça e Argentina.
Estas patentes vieram consolidar a posição da Hovione no mercado dos antibióticos, que chegaram a constituir cerca de 80% das vendas da empresa.
Os anos 70 – corticosteroides Já em 1957 tinha sido concedida a Ivan Villax a Patente portuguesa PT33309 relativa a um processo de produção de um composto de acção biológica semelhante à dos esteroides. Em 1969, Ivan Villax apresenta o pedido de patente PT52923 para um processo, desenvolvido já na fábrica de Loures, para a produção de betametasona e seus derivados. Esta patente relativa a um processo compreendendo 18 passos consecutivos e outras na mesma área permitiram a entrada no mercado dos corticosteroides, produtos de elevado valor acrescentado, que ainda hoje estão entre os nossos produtos mais procurados. As patentes de processo independentes de Ivan Villax foram objecto de pedido e concedidas em inúmeros países possibilitando á Hovione, competir no mercado internacional.
Os anos 80 – genéricos Desde 1982 a Hovione começa a fornecer antibióticos semi sinteticos para o mercado de genéricos norte-americano, fabricados não só na fábrica de Loures mas também nas instalações fabris em Macau, consideradas pelo FDA como “equivalent site”.
Não podemos deixar de mencionar que nem tudo foi rosas com as patentes. Havia sempre alguem que ficaria prejudicado com a nossa entrada no mercado com produto devidamente protejido pela respectiva patente Hovione. Assim, atraves dos anos clientes nossos seriam acusados de infringir patentes doutrem no que respeita a produção de doxiciclina e a Hovione, de imediato envolveu-se na luta apoiando os clientes visados. Ivan Villax, com o seu vasto conhecimento da matéria, colaborou activamente na defesa dos seus interesses, até que em 1992 todos os conflitos tinham sido resolvidos, alguns ganhos outros por acordo entre as partes.
Anos 90 – novas tecnologias Os anos 90 viram a chegada de novos produtos e tecnologias, nomeadamente os meios de contraste que representam uma das áreas de expansão da empresa, e para os quais foram obtidas as patentes nacionais PT101720 (1995), relativo a um processo de produção de iopamidol e PT101919 (1996) relativo a um processo de produção de iohexol e respectivas patentes internacionais Também a área da inalação começou a dar os primeiros passos, dando origem em 1994 à patente PT101450 relativa a um inalador, conhecido por Flowcaps, actualmente patenteado em 38 países e licenciado a duas empresas internacionais.
O novo século – expansão A Hovione é agora uma empresa que alem de vender produtos e serviços de síntese química, entrou tambem nas áreas de secagem por atomização (spray drying) e inalação, com clientes por todo o mundo.
Ao entrar o novo século a Hovione chega á China e Irlanda com novas instalações industriais e continua no caminho da inovação. O espírito inovador permanece e mantêm-se os pedidos de patente relativos a novos produtos e processos de fabrico. Também na área da inalação, o Twincaps - um inalador descartável foi objecto de um pedido nacional PT1003481 em 2006. O pedido de patente internacional relativo a este inalador encontra-se neste momento depositado em 45 países.
O futuro Desenho de partícula, inalação e formulação são novas áreas de excelência que a Hovione tem vindo a desenvolver e que irão contribuir para a geração de nova propriedade industrial. Num ambiente em que o número de novas moléculas diminui e o mercado de genéricos aumenta, devido á expiração de patentes de produtos com grandes vendas, é cada vez mais importante a existencia de propriedade industrial como também a vigilância contra possíveis infractores dos nossos direitos e monitorização das patentes concedidas as empresas concorrentes nas nossas áreas de interesse.
A criação do Departamento de I&PD (Inovação e Desenvolvimento de Produtos) em 2007 marca uma aposta no futuro da inovação na Hovione, pretendendo-se de uma maneira sistematizada incentivar e coordenar a geração de ideias e inovação contribuindo assim para a construção do futuro da Hovione transformando Conhecimento em Valor.
Parabéns Hovione, por cinquenta anos de inovação...
TRATAMENTO SHOW DE BOLA
2007
Trabalhei na Hovione durante 5 anos onde admirei a forma de sua administração, começando pelo Dr. GUY VILLAX que abriu as portas a mim e ao meu primo, independente da nossa nacionalidade.
Fui tratado como um português, dei do meu melhor pela Hovione, fico agradecido por ter trabalhado na Hovione e por ter conhecido amigos que até hoje falo com muitos deles.
Hoje sou dono de um deposito de material de construção no Brasil, tenho funcionários e quero gratifica - los com parte dos lucros tal como fui gratificado na Hovione.
OBRIGADO GUY VILLAX se um dia precisar de material de construção:
DEPOSITO TIRADENTES materiais para construçao Ipatinga, Minas Gerais, BRASIL
OZANAN ALEX PINTO, O BRAZUCA..........
"História do cordel"
2008
Comecei a trabalhar na Hovione em 1973, na Travessa do Ferreiro nº1. O edifício tinha uma sala grande com um tecto muito alto. Passado algum tempo, houve necessidade de ampliar o espaço, e foi construído uma mézzanine onde se instalou a contabilidade.
Havia uma janela alta que era comum aos dois pisos; no primeiro piso junto a essa janela ficava a secretária de um colega e no piso superior na mesma direcção ficava o posto de trabalho do contabilista. A troca de documentos era feita com o auxílio de uma mola presa a um cordel, tornando a cena caricata sempre que este movimento se repetia, o que me fazia rir. O contabilista com um ar muito sério dizia-me que eu teria de me rir para dentro, senão a Dª Diane ouvia.
Depois destes anos, a natural evolução dentro da empresa, levou a que as comunicações entre departamentos se fizessem através dos meios que a tecnologia nos oferece, mas é engraçado recordar episódios como este acima mencionado. Cresci com a Hovione, e aprendi a tirar partido de todas as experiências, tais como pontualidade, responsabilidade, rigor, metodologia e demais competências adquiridas, a mim transmitidas pela família Villax, muito especialmente da parte da Srª Dª Diane Villax, com quem trabalhei vários anos e a quem muito devo.
A paixão pela química fina
2008
Uma paixão pela química fina
A minha ligação com a Hovione, ou, mais precisamente com o Guy Villax, e a nossa paixão pela química fina não dura há 50, mas somente 10 anos, mas nem por nada os teria perdido.
Como viajantes regulares, encontrámos-nos em lugares muito diversos. O primeiro encontro de relevo de que me lembro foi uma visita à fábrica de Loures em Julho de 1999. com muito orgulho o Guy mostrou-me o novo Edifício 15 com a sua impressionante capacidade reactiva de 155m3.
Dois anos mais tarde, em 2001, viajamos juntos num autocarro do Waldorf para East Windsor, NJ, para a inauguração do Centro de Transferência de Tecnologia da Hovione. Ao exprimir a minha admiração pelo seu empreendimento visionário, o Guy respondeu-me modestamente: “Sabe, Peter, eu vejo isto principalmente como uma ferramenta de marketing".
Noutra ocasião, estávamos ambos sentados no terraço do Hotel Schweizerhof em Basileia a filosofar sobre sobre as perspectivas da indústria da química fina.
Mais recentemente, no verão de 2008, tivemos uma conversa telefónica entre Salzburg, aonde o Guy e a sua família vão regularmente ao Festival, e a minha casa de montanha em Verbier. Como contribuição a um editorial que eu, na altura, estava a preparar, pedi ao Guy para escrever umas linhas sobre as suas ideias quanto a empresas familiares via à vis empresas públicas. Pouco depois, simpàticamente, o Guy mandou-me umas notas encantadoras sobre a sua experiência e as suas opiniões muito pessoais. Tenho o prazer de citar a sua última frase: “Aos 8 ou 9 anos, lembro-me do meu pai voltar do trabalho uma noite com um brilho no olhar – ele estava estático pois alguém no laboratório tinha finalmente conseguido resolver uma reacção difícil. Provavelmente é por isso que faço o que faço."
Peter Pollak Reinach, Switzerland
As minhas três semanas na Hovione
2008
A razão pela qual decidi trocar três semanas de férias de Verão por um curto estágio na Hovione era, na altura, bastante clara: procurava ter, pela primeira vez, uma verdadeira experiência de trabalho e, no fim, se merecida, uma pequena "recompensa". No primeiro dia, estava um pouco nervoso, questionava-me a mim mesmo quais seriam as tarefas que me iriam atribuir e se seria capaz de as realizar. Mais tarde, apercebi-me que não requeriam propriamente grande esforço intelectual. Apesar disso, ainda hoje me arrependo por ter subestimado o quão cansativo arrumar dossiers se pode tornar. A minha primeira manhã foi bastante agradável. Após algum tempo a conversar com os restantes estagiários, levaram-me para o "OP" (sigla que nunca cheguei a decifrar) onde fui acolhido por quatro gentis senhoras que, ao longo do estágio, me deram preciosos conselhos. Os seus nomes eram: Helena, Rute, Ana e Paula. Tirando uma pequena excepção, os meus dias de trabalho resumiam-se a identificar determinados códigos nas facturas que, por sua vez, pertenciam a dossiers espalhados pelos vários armários do departamento. À primeira vista, esta pode não parecer uma tarefa muito cansativa, mas tanto era que, por vezes, acordava em sítios bem longe do meu destino por adormecer no autocarro que me levava até ao Campo Grande. Os momentos de maior felicidade nestas três semanas eram passados à hora de almoço. A cantina é excelente, com grande variedade e qualidade, e era ali que almoçávamos, enquanto ouvíamos com alívio um dos estagiários a contar o quão trabalhoso estava a ser a sua semana a desfazer papel. No final do estágio não só me tinha tornado altamente qualificado em arrumação de dossiers como também fiquei a conhecer o nome de inúmeras empresas farmacêuticas, e aumentei ainda o meu vocabulário no que toca a compostos químicos difíceis de pronunciar. Hoje, quando me lembro do tempo passado na Hovione, não tenho quaisquer dúvidas de que valeu a pena tudo aquilo por que passei. É provável que não volte, mas certamente não me esquecerei. Desejo um enorme sucesso à empresa, e muitos parabéns pela recente aquisição na Irlanda.
Até sempre
2008
Colegas e Amigos, Finalmente chegou a hora de me despedir de todos vós e passar o testemunho aos mais novos. Foram 29 anos a conviver nesta grande empresa que é a Hovione, que vi crescer e continua a crescer, onde aprendi muito e dei o meu melhor para que a boa imagem da Hovione continuasse a chegar além fronteiras. Desejo do fundo do coração que a Hovione continue a ter o sucesso, crescimento e desenvolvimento que sempre teve para o bem da empresa e de todos os seus colaboradores. Não digo adeus porque ainda nos vamos continuar a ver todos os dias, visto a minha mulher ainda ter uns bons anos para cumprir ao serviço da Hovione. Digo apenas "até já... A todos os que foram Meus colegas, meus mestres, meus amigos e me pertenceram um bocadinho Quero que saibam que foram, também, o meu riso e serão a minha saudade. Um grande bem haja e muitas felicidades para todos. José Guimarães
BODAS DE OURO DA HOVIONE
2008
HOMENAGEM AO SENHOR ENGENHEIRO IVAN VILLAX
Em homenagem ao amigo, ao homem íntegro que sempre foi, ao genial cientista e ao excelente empreendedor da obra que deixou feita com excelentes condições para ser acarinhada e continuada, muito me honraria se este meu despretensioso testemunho merecesse uma referência, por singela que seja, na publicação que celebrará as merecidas e justificadas “BODAS DE OURO” da Hovione.
Tive o privilégio de conhecer o Sr. Eng.° Ivan Villax durante a primeira parte dos anos sessenta, no exercício das minhas funções de Chefe do Serviço de Invenções da, então, Repartição da Propriedade Industrial, organismo responsável pela concessão de patentes, quando os escritórios da Hovione ainda se situavam na Travessa do Moinho de Vento e o laboratório na Travessa do Ferreiro.
Muito me orgulha que o título da patente que protegeu o primeiro produto patenteado pela Hovione, e que figura numa vitrina das suas instalações como símbolo do início do sucesso do Sr. Eng.° Ivan Villax e da sua da empresa, tenha sido emitido com a minha assinatura.
Criou-se entre mim e o Sr. Eng.° Ivan Villax uma amizade apoiada no respeito mútuo que se manteve ao longo dos cerca de quarenta anos em que servi a Propriedade Industrial, quer a nível nacional quer internacional. Essa amizade e respeito mútuo manifestaram-se, frequentemente, na simplicidade dos nossos contactos: Muitas vezes o Sr. Eng.° Ivan Villax me visitou na Repartição da Propriedade Industrial e, depois, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial para analisar comigo questões jurídicas e técnicas relativas às evoluções das legislações da Propriedade Industrial, quer a nível do Código da Propriedade Industrial quer da Patente Europeia, do PCT e do projecto da Patente Comunitária.
Em consequência, o meu estimado amigo Eng.° Ivan Villax era uma presença assídua e respeitada nos Seminários e noutras iniciativas do INPI, muitas delas como participante activo para que eu especialmente o convidava e que nunca recusou.
Tive a grata satisfação de visitar, várias vezes, as exemplares instalações da Hovione em Sete Casas e, também, aproveitando uma deslocação de trabalho a Macau, de visitar as instalações da empresa nesse Território.
A Hovione de hoje, que constitui, indiscutivelmente, um património científico e tecnológico de inegável valor nacional e internacional, é bem um exemplo evidente do esforço, da perseverança e da determinação de um homem de excepcionais qualidades técnicas, científicas e humanas que foi o Sr. Eng.° Ivan Villax.
Imperativos naturais inevitáveis levaram o Sr. Eng.° Ivan Villax do nosso convívio, mas a sua obra e a sua memória perdurarão sempre bem vivas nos nossos pensamentos, como:
“AQUELES QUE POR OBRAS VALOROSAS SE VÃO DA LEI DA MORTE LIBERTANDO”.
Lisboa, Abril de 2008 José Mota Maia
3 José Mota Maia Rua Cidade de Cabinda, N°20 - 7.° Esq. 1800-080 LISBOA - PORTUGAL Tini.: 96509 64 45 E-nzaikjniotamaia@netcabo.pt
é Mota Maia o Lisboa, 10 de Abril de 2008
Exma. Senhora D. Diane Villax Digma. Presidente do Conselho de Administração da Hovione
Muito apreciei o artigo de fundo que V. Exa. publicou sob o título de “EM FOCO” no n.° 24 da Revista HOVIONEWS, relativo ao oportuno projecto da comemoração dos 50 anos da Empresa de que a Exma. Senhora D. Diane Villax é digna fundadora. Tentando responder ao apelo que V. Exa. faz no referido Artigo, tomo a liberdade de junto enviar o meu testemunho do privilégio que tive de conhecer o Sr. Eng.° Ivan Villax nos primórdios do seu êxito profissional. Se V. Exa. vir algum mérito neste meu testemunho, pode entender no âmbito das comemorações das BODAS HOVIONE. a V. Exa. os meus melhores cumprimentos
Celebração dos 50 anos da Hovione
2008
Em 2009 a Hovione celebra as suas bodas de ouro e eu atinjo os vinte anos de trabalho na Casa. Durante estes anos, vi muitas mudanças na Hovione, especialmente aqui em Macau. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para partilhar convosco estas minhas experiências.
Antes:
A fábrica da Hovione estava localizada num deserto, a estrada à sua frente, basicamente, só era utilizada pelo pessoal da Hovione. Eu podia levar o tempo que quisesse a atravessar a rua em frente do nosso portão sem me encontrar com qualquer carro. Da minha janela via hortas a perder de vista. Pedir a um motorista de táxi para ir à fábrica era uma problema, ninguém sabia onde ficava.
A fábrica tinha 70 ou 80 empregados e não havia o Bloco 2A (área de Produção Automatizada), nem o Bloco 11 (escritórios e oficina), nem o Bloco 9 (sala de convívio e cantina). O HERB não existia e o NIMI era o sistema electrónico que nos ajudava no trabalho do dia a dia.
Agora:
Estamos agora situados sobre uma das estradas mais movimentadas da Taipa, o caminho para o Aeroporto e para a Ponte da Amizade que liga ao Jetfoil. Para atravessar tem que se correr para evitar o trânsito, razão porque é formalmente proibido fazê-lo. Por outro lado os motoristas de táxi já sabem aonde fica a Hovione.
Temos uns 125 empregados e duplicámos a nossa capacidade de produção. Somos certificados pelo ISO9000 e 14000. Já não utilizamos o NIMI mas sim o SAP – um sistema dos mais conhecidos e utilizados - bem como outros sistemas Stream no nosso trabalho do dia a dia.
Tivemos a honra do Sr. Edmundo Ho Hau Wah, Presidente Executivo de Macau SAR vir inaugurar o Bloco 2A. Estimamos a cultura chinesa mas, ao mesmo tempo, promovemos a cultura portuguesa ao celebrar anualmente o dia de S. Martinho.
E o aliciante projecto com a Hisyn na China leva a Hovione a escrever mais uma página de ouro no seu livro dos 50 anos de etapas de sucesso.
No seu todo, passei por muitas mudanças na Hovione: na Fabrica, nos Sistemas Informativos, na Politica de Gestão, etc. No entanto, há uma coisa que nunca mudou – o forte espírito de EQUIPA da Hovione que conduziu a empresa até aonde chegou hoje. Estou certa que este espírito vai levar-nos com sucesso para o futuro.
De regresso à Irlanda, 20 anos depois
2008
Foi com uma grande emoção e alegria que no dia 11 de Dezembro de 2008 li um email da Administração da Hovione a anunciar a compra da fábrica da Pfizer em Cork na Irlanda.
O Director Geral que a Hovione nomeia para a gestão da sua nova fábrica é o Lorcan MacGarry que 20 anos antes tinha sido o Director da Produção e o contacto da Hovione Irlanda na Plaistow. Por ironia do destino voltamos à Irlanda, mas desta vez para ficar !
Homenagem ao Eng. Ivan Villax
2008
Tive o privilégio de conhecer profissionalmente o Eng. Ivan Villax no início da década de 80, quando o Grupo BPI iniciou a sua actividade, através dos meus queridos amigos e companheiros de trabalho Francisco Veloso e António Seruca Salgado.
A Hovione, que ele liderava de forma notável, beneficiava, já nessa altura, de um fortíssimo reconhecimento internacional, com particular destaque para o exigente mercado de genéricos norte-americano.
Visitei-o por diversas vezes na unidade fabril de Loures e fui sempre surpreendido pela sua invulgar capacidade de inovação, concepção e desenvolvimento de projectos, a par de uma forte ambição de uma presença internacional directa nas principais plataformas de mercado – Estados Unidos (New Jersey) e Extremo Oriente (Macau).
A Hovione foi sempre vista por mim e pelos meus Colegas como um caso de sucesso excepcional, assente na pesquisa científica, no rigor de gestão e num raro génio comercial.
Lembro com saudade o Eng. Ivan Villax, que um feliz acaso fez com que escolhesse Portugal para o seu destino como investigador de mérito e empresário de sucesso. Assim, todos nós pudemos beneficiar das suas excepcionais qualidade – carácter íntegro, forte personalidade, grande capacidade de liderança, coragem inabalável, homem de afectos e de cultura. Por último, gostaria de destacar como, com a sua extraordinária mulher Diane, soube formar uma família que tem conseguido continuar a sua obra de forma espectacular e que tanto tem contribuído para projectar e reforçar o prestígio do nosso País.
Artur Santos Silva
Hovione do ponto de vista dum fornecedor metalurgico.
2008
A Hovione é um fabricante de ingredientes farmacêuticos há décadas. Este ano é o 50º aniversário do Grupo. A nossa empresa, Ng Kee Metalware & Machine regozija-se com a celebração. Há muito tempo que somos fornecedores da Hovione.
Quando somos contactados pela pessoal da Hovione procurando algo, são simpáticos e sérios e assim temos gosto em fornecê-los. Espero que a Hovione continue a prosperar após este marco e esperamos continuar a ser seus parceiros durante mais umas décadas.
Poema escrito pelas netas à Avó pelos seus 73 anos.
2008
Ao banqueiro diz Para riscos correr Aos netos, Para saberem viver!
Uma senhora sem igual, Que o Mundo já percorreu: India, Cambodja e Nepal, Imaginem o que ela não correu!
Em aventuras sempre a 1ª, Que faz 73 ninguém diria, Pois em tudo é pioneira e inesgotável em energia.
Está numa de consumíveis? Então tome estas palavras; Que para defini-la Se tornam indispensáveis.
Pois parabéns Avó querida Esteja sempre por cá, Ensine-nos sobre a Vida Que para ouvi-la, estamos sempre lá!
Maria e Carolina.
Sem duvida... excepcionais!
2008
Ano de 2000... Maio! Primeiro contacto com a Sra. D. Diane Villax e o Sr. Eng.º Ivan Villax.
Passam, à altura deste testemunho, cerca de 8 anos de dias bons e outros menos bons na Travessa do Ferreiro, sempre e constantemente desafiadores onde a monotonia não teve nem tem lugar, mas marcado pelo triste momento do desaparecimento do Sr. Eng.º Ivan Villax.
Sr. Eng.º Villax é um Homem que recordo com a devida admiração. Foi durante escassos 3 anos que tive o prazer de trabalhar sob a sua orientação nos mais diversos aspectos pessoais e ainda hoje o admiro pela forma inteligente e, muitas vezes prática, de pensar e contornar obstáculos que, para um rapaz sem qualquer experiência, como era o meu caso, parecíam enormes e incontornáveis. Exigente... muito exigente mas justo e perfeccionista.
D. Diane Villax é uma Senhora com quem tenho apendido imenso e a ela muito devo. Junto dela tenho crescido e desenvolvido nestes 8 anos de chefia, orientação e confraternização diária. Tenho um imenso respeito e admiração por esta Senhora a quem é muito difícil "passar a perna"... algo que ela diz se aprender, mas estou convencido de que ela tem um talento especial, ou um faro especial, para detectar situações pouco esclarecedoras ou anómalas... não querendo com isto dizer que o mesmo "faro" não se mantenha para situações contrárias a estas.
Observo e tento aprender com ela o que não é fácil... talvez um dia lá chegue! Possui um ritmo de vida intenso, invejável para muitos "mais novos", e a energía que dela emana é perfeitamente visível e palpável. Igualmente exigente e proteccionista.
Os descendentes destas duas marcantes pessoas... "Quem saí aos seus não degenera" e às gerações mais novas eu desejo a sabedoría e aprendizagem necessárias para a continuação desta obra de sucesso iniciada há 50 anos.
Sentimentos sobre o trabalho na Hovione
2008
O tempo corre! Estou a trabalhar na Hovione há mais de 20 anos! Quando comecei, em 1986, o edifício ainda estava em construção. A Hovione era a primeira grande fábrica portuguesa de produtos químicos a ser instalada em Macau.
Apesar de já ter estado a trabalhar durante muitos anos na área da mecânica, tinha poucos conhecimentos da mecânica na indústria química. A Hovione ofereceu-me muitas oportunidades de aumentar os meus conhecimentos. Quando primeiro comecei a trabalhar na Hovione, tinha colegas que tinham vindo da Sede e deles aprendi muito.
Em 1989, dois colegas e eu fomos transferidos para Portugal para mais formação. Aí aprendi práticas e técnicas que me ajudaram.
Através destes anos trabalhei de perto com os meus chefes. Por vezes as nossas opiniões divergiam; mas soubemos sempre ultrapassar as diferenças. Todos os anos em Agosto, durante o período da manutenção, há inúmeros desafios. É um tempo de muito esforço e trabalho. Apesar de tudo tem corrido bem e dá me muita satisfação.
A Hovione está continuamente a expandir. De alguns reactores de início, temos agora mais de dez; há também maior variedade de produtos fabricados. Sendo membro do pessoal da Hovione, tenho orgulho no seu progresso. Além disso, aprecio a confiança dada pelos meus superiores e vejo o meu esforço reconhecido.
Por fim, são os 50 anos da Hovione, espero que a Firma continue a expandir com sucesso e que obtenha cada vez mais negócio no futuro.
Testemunho Dr. Ricardo Espírito Santo Salgado
2008
A Hovione é uma história de sucesso que se integra com brilhantismo na própria história da investigação científica em Portugal. Na sua origem está a vida de um homem dedicada à ciência e à Humanidade. A partir de um pequeno laboratório instalado na cave de sua casa, com o incentivo e a participação activa de sua mulher, Diana, Ivan Villax lançou os alicerces daquela que é hoje uma referência incontornável da indústria farmacêutica internacional.
Em todo o mundo, a Hovione, uma empresa portuguesa, é sinónimo de excelência, rigor, inovação e qualidade. Há várias décadas na vanguarda da ciência, a Hovione continua a disponibilizar, cinquenta anos depois, uma oferta que lhe permite disputar mercados cada vez mais exigentes e competitivos. Ivan Villax espelhou, por isso mesmo, o que de melhor existe no Homem: a capacidade de empreender, de inovar, de fazer sempre mais e melhor. Mas demonstrou também que é possível fazer tudo isto em Portugal O seu exemplo de perseverança e o seu empenho mantêm-se no espírito de quantos trabalham nesta empresa e que, dia-a-dia, dão continuidade ao sonho de um Homem e ao legado de uma vida.
Para além da minha família ter relações de amizade de gerações com a família Villax recordo-me de um episódio interessante passado ocorrido numa deslocação à China em 1988 liderada pelo então Primeiro-ministro Prof. Aníbal Cavaco Silva. Encontrei-me doente com uma gripe fortíssima e o Ivan viu-me em tal estado que rapidamente me disponibilizou um antibiótico exportado pela Hovione para o mercado chinês, o mesmo que era administrado aos militares norte americanos em campanha. Foi remédio santo!
A Hovione, uma empresa de comprovado sucesso, nasceu da visão desse cientista húngaro que aos 23 anos deixou o seu país com pouco mais do que a sua paixão pela ciência e, em particular pela química.
Diana e Ivan Villax souberam desenvolver o espírito empresarial e o amor pela Hovione no seio da sua família dirigida hoje brilhantemente pelos seus filhos, Peter, Guy e Sofia e são um exemplo de mais uma empresa familiar que contribui para a valorização nacional e internacional do nosso País.
O seu exemplo deve ser uma inspiração para todos nós.
De Filho Para Pai - António Pinto
2010
28-7-2010 - 02:36
Pai,
Sinto o mundo desabar, e a sentir o tapete fugir-me dos pés ao ver-te sofrer dia após dia e principalmente esta noite... Não mereces... sempre foste um amigo único, um pai exemplar e um bom chefe de família... Ensinaste-me com muita dignidade e principalmente HUMILDADE a ser o Homem que sou hoje e a respeitar o próximo. É com enorme orgulho que sou teu filho e é no site da empresa a que sempre te dedicaste com muito empenho, profissionalismo até ao último dia e com as lágrimas a correrem-me pelo rosto, que deixo aqui o meu testemunho, para ti que estás a sofrer e a lutar arduamente pela vida no Hospital de Santa Maria, que digo que te AMO MUITO e vou AMAR-TE PARA SEMPRE!!!
Victor Pinto